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Comissão de inquérito à TAP: o que é essencial apurar?

Bruno Costa, comentador de ciência política, analisa o que deve ser clarificado na comissão de inquérito à TAP que contará com as presenças de Frederico Pinheiro e João Galamba.

SIC Notícias

Bruno Costa, analista de ciência política, perspetiva o que dirão João Galamba e Frederico Pinheiro na comissão de inquérito parlamentar que tem como objetivo esclarecer a recente polémica que se abateu sobre o Ministério das Infraestruturas.

O ex-adjunto de João Galamba, Frederico Pinheiro, e a chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas são ouvidos esta quarta-feira na comissão de inquérito à TAP, sobre a reunião preparatória com a ex-presidente executiva da companhia, antes de uma audição em janeiro. Já Galamba marcará presença na audição na quinta-feira.

Bruno Costa começa por dizer que estes serão “dias decisivos”, mas que se poderá assistir a "um golpe de teatro":

"Teremos de perceber qual é a imagem para o lançamento de um conjunto de questões que alguns consideram não estar dentro do âmbito desta comissão parlamentar de inquérito. Ou seja, tem havido aqui um esforço muito grande de alguns dirigentes do Partido Socialista para recentrar o âmbito desta comissão naquilo que foi a sua definição e aprovação".

Discordância entre as declarações?

O analista considera que a questão central destas sessões de esclarecimento são "as notas da reunião secreta de 17 janeiro", mais concretamente qual o conteúdo das mesmas e quem são os envolvidos. Bruno Costa refere ainda que existe "alguma pressão" sobre Frederico Pinheiro sobre se o ex-adjunto irá manter as declarações que fez anteriormente.

“Frederico Pinheiro terá aqui um desafio sobre se mantém que revelou as notas e o conteúdo das notas em reunião prévia ao ministro e aqui teremos, eventualmente, um primeiro ponto de discordância entre as declarações, eventualmente, de hoje de Frederico Pinheiro e as de amanhã de João Galamba”, perspetiva.

Para o analista é essencial perceber "na linha do tempo" quem é que contactou o SIS, quem é que geriu este contacto e o "que se passou precisamente na noite de 26 de abril".

Relativamente à intervenção do SIS, Bruno Costa acredita que deverá ser explicado na comissão de inquérito quando é que Frederico Pinheiro foi contactado e se quem fez esse contacto foi algum elemento dos Serviços de Informação ou da Polícia Judiciária, bem como o seguimento que teve.

Frederico deverá “manter a sua versão”

O facto de o ex-adjunto ter levado o computador do Ministério das Infraestruturas também deverá ser explicado, afirma o analista.

"Acredito que aqui Frederico Pinheiro irá jogar à defesa e irá manter a sua versão. Ou seja, não estava exonerado oficialmente no momento em que se desloca ao Ministério. E por salvaguarda até da sua posição e, eventualmente, das notas que tinha no computador necessitou de fazer uma cópia dessas notas", refere.

"Uma questão central" são as alegadas agressões que ocorreram no Ministério das Finanças. Relativamente a este assunto, Bruno Costa diz que tem havido "uma oposição clara nas versões", o que obriga a que seja esclarecido se, e quando, houve queixa formal.

O analista vinca que mentir na comissão de inquérito "será o mesmo que mentir num tribunal" e, se existirem duas versões "completamente opostas" os factos terão de ser apurados.

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