Ricardo Costa acredita ser “praticamente impossível escapar a uma saída de João Galamba do Governo”, um desfecho previsível para aquele “que não é um ‘casinho’ qualquer, como se começou a vulgarizar”.
“É um caso que descambou muito rapidamente para um problema institucional, ainda por cima em duas frentes. A primeira frente é a do caos que se passou dentro de um ministério numa noite de quarta-feira, que foi uma vergonha nacional, e que deixa as pessoas surpreendidas pela absoluta falta de decência, de sentido de normalidade, uma coisa que não pode acontecer num ministério e aconteceu, o que fragiliza brutalmente um ministro”, sublinha.
O segundo problema institucional é também “gravíssimo” e prende-se com o “recurso, ainda não se percebeu exatamente por quem, dos serviços secretos para uma recuperação de um computador que, ainda por cima, já estava basicamente inutilizado”.
Caso TAP: “Uma tragédia completa que se abateu sobre o Governo”
Com o desenrolar do caso TAP, “já caíram dois ministros, dois secretários de Estado, uma CEO e um presidente da empresa”, ressalva Ricardo Costa.
“É uma tragédia completa que se abateu sobre o Governo, que também a criou e com a qual não está a conseguir saber lidar. É um drama”, destaca, afirmando que “desde meados de dezembro até agora as crises do Governo são todas internas, provocadas pelos seus próprios membros, praticamente sem interferência externa. São autoinfligidos”.
Ministério das Infraestruturas “transformou-se num vespeiro”
Com a eventual saída de Galamba do Executivo, levantam-se agora duas dúvidas: qual a dimensão da remodelação do Governo e qual o nome escolhido para assumir a pasta das Infraestruturas. Para Ricardo Costa, a segunda é que “é a grande questão”.
“Não imagino quem queira ir para o Ministério das Infraestruturas, aquilo transformou-se num vespeiro”, conclui.
Galamba “impulsivo e irrazoável” pode ter ditado o fim da carreira política
Sobra a forma como João Galamba lidou com toda a polémica, que se desenrolou desde quarta-feira à noite, abre-se agora a hipótese de se tornar naquilo que “está eventualmente a ditar o fim da sua carreira política”.
“João Galamba diz tudo o que lhe vem à cabeça. Tenho muito respeito e alguma amizade por ele, é uma pessoa muito inteligente e preparada tecnicamente mas tem um problema, que sempre teve. É completamente impulsivo, irascível e irrazoável nos momentos tensos”, descreve Ricardo Costa, referindo tratar-se “do grande risco” que o ministro corria desde que assumiu a pasta das Infraestruturas.