Governo

Se as eleições fossem hoje, ganhava Costa ou Montenegro?

Mais de 60% dos portugueses classificam o desempenho do Governo como “mau” ou “muito mau”. A conclusão é da sondagem ICS-ISCTE, para a SIC e Expresso, em apenas quatro meses, o Executivo teve a maior queda alguma vez registada. E se as eleições legislativas fossem hoje, quem levava a melhor PS ou PSD?

Ana Lemos

SIC Notícias

Um mês depois de ter apresentado o pacote Mais Habitação, e ainda antes de ter anunciado o IVA 0% em 44 alimentos do cabaz essencial, o Executivo entrou na primavera a celebrar um ano de governação mas com poucas razões para sorrir. A sondagem ICS-ISCTE, para a SIC e Expresso, mostra a maioria do inquiridos dá “nega” ao desempenho do Governo.

Questionados sobre como avaliam o desempenho do Governo, a resposta é clara: mais de 60% dos inquiridos avaliam o desempenho como “mau” (43%) ou “muito mau” (21%). Mas há também quem dê nota positiva ao Executivo: 29% dos inquiridos classificam como “bom” o desempenho do Governo.

A sondagem ICS-ISCTE destaca que esta avaliação negativa é “a mais elevada alguma vez identificada”, correspondendo a mais 11 pontos percentuais do que a observada em dezembro do ano passado.

Apesar de não haver uma variação significativa de opinião de acordo com o género, idade ou instrução, a situação financeira do agregado está “ligada a um maior descontentamento com a atuação do Governo”.

Vejamos: 71% dos inquiridos que declaram ser difícil ou muito difícil viver com o rendimento auferido expressam uma avaliação desfavorável do desempenho do Executivo, contra 57% dos que acham que o seu rendimento dá para viver ou até mesmo viver confortavelmente.

Como votaria se hoje houvesse eleições?

PS e PSD têm exatamente a mesma percentagem de intenções de voto - 30% -, sendo que os socialistas, em relação ao estudo anterior de dezembro de 2022, registam uma queda de 7 pontos nas intenções, ao contrário do PSD que sobe um ponto.

Segue-se o Chega, com 13%, uma subida de 4 pontos percentuais, estatisticamente significativa. Mais atrás surge, sem alterações face a dezembro, a CDU (5%) e o BE (5%, mas desceu dois pontos), a Iniciativa Liberal (4%, sobe dois pontos), o PAN (2%, desce um ponto), o CDS-PP (2%) e o Livre (1%).

Contas feitas, se o PSD se coligasse com o Chega chegaria à maioria. Cenário que não seria possível se se juntasse à IL. À esquerda, se houvesse uma tentativa de recuperar a geringonça, não seria bem sucedida. Juntos PS, BE e PCP não vão além de 40%.

Só Marcelo tem nota “positiva”

Apesar de estar em queda, o Presidente Marcelo continua a conseguir nota positiva. Numa avaliação de 0 (muito negativa) a 10 (muito positiva), o chefe de Estado é o único que passa no “teste”, com 6.5 Entre as “negas”, é o primeiro-ministro quem consegue a nota mais alta (4.6), seguindo-se o líder do PSD (4.2), e a ainda coordenadora do BE (4.1).

Atrás surgem depois Rui Tavares, do Livre, (3.5), André Ventura, do Chega, (3.4), Inês Sousa Real, do PAN, (3.3), e Paulo Raimundo, do PCP (3.2). A pior nota é, assim, atribuída ao recém-eleito líder da Il, Rui Rocha (3.1) que, saliente-se, é também a figura política menos conhecida pelos inquiridos.

Se dividirmos os inquiridos entre os de esquerda e os de direita, Marcelo destaca-se entre ambos com a figura política mais bem avaliada. Excluindo o Presidente da República, António Costa (PS) lidera as avaliações à esquerda, sendo seguido por Catarina Martins (BE). À direita, Luís Montenegro (PSD) destaca-se, André Ventura (Chega) surge logo atrás.

Ficha técnica

Este relatório baseia-se numa sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 11 e 20 de março de 2023.

Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa (ISCTEIUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental.

Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo, Idade (4 grupos), Instrução (3 grupos), Região (5 Regiões NUTII) e Habitat/Dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de Região e Habitat, foram selecionados aleatoriamente 84 pontos de amostragem onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima referidas.

A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto em eleições legislativas recolhida recorrendo a simulação de voto em urna. Foram contactados 2787 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 807 entrevistas válidas (taxa de resposta de 29%, taxa de cooperação de 40%).

O trabalho de campo foi realizado por 35 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes no Continente, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 10). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 807 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%

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