Ricardo Salgado chegou às 9:23 da manhã. Demorou cerca de 10 minutos a percorrer os 100 metros que separavam o carro da entrada do tribunal, no Campus de Justiça. Esteve sempre acompanhado pela mulher e pelo advogado.
"Eu acho que uma justiça que humilha, que viola a dignidade de qualquer pessoa, é uma justiça que viola a sua própria dignidade", disse, aos jornalistas, o advogado de Ricardo Salgado, Francisco Proença de Carvalho.
Ouvida pela SIC, a psiquiatra forense Sofia Brissos considera que a exposição a que Ricardo Salgado foi alvo terá impacto, mas não ao ponto de agravar o estado de saúde:
"Um indivíduo que tenha o diagnóstico de Alzheimer, de facto, uma situação destas vai gerar ansiedade. Mas se é prejudicial à saúde do ponto de vista da evolução da doença? Acho que não podemos dizer isso dessa maneira. O agravamento é inevitável".
Salgado compareceu em tribunal por ordem da juíza. Entrou pela porta principal, uma vez que a defesa não pediu a entrada pela garagem - como aconteceu na saída-, nem apresentou um atestado médico para evitar essa deslocação.
"Os arguidos deverão comparecer, pelo menos, na primeira sessão, salvo raras exceções, que terão de ser muito bem fundamentadas", disse, à SIC, o advogado Ricardo Sardo.
O diagnóstico de Alzheimer já foi confirmado por duas perícias independentes. Por causa dessa incapacidade, no segundo dia de julgamento, voltou a ser pedida a nomeação de um tutor legal para Ricardo Salgado.
Os restantes arguidos olham com atenção para as consequências do estado de saúde do antigo presidente do BES neste julgamento.
O advogado dos arguidos suíços, Tiago Rodrigues Bastos, referiu que "num processo desta natureza, em que ele é o principal arguido e em que todos os outros estão acusados de comparticipação dos factos dele, isso não é um facto inócuo para o resto das defesas".
A defesa do principal arguido voltou a pedir a nulidade do julgamento por não ter sido realizada uma nova perícia psiquiátrica. O tribunal ainda não respondeu.
Tribunal começa a ouvir gravação de interrogatório a Ricardo Salgado