George Floyd

Democratas bloqueiam lei republicana de reforma da polícia por não ir suficientemente longe

As duas partes parecem ainda muito longe de um acordo sobre esta questão.

NIKLAS HALLEN

Lusa

Os democratas bloquearam esta quarta-feira no senado norte-americano uma lei republicana de reforma da polícia, considerando que não foi suficientemente longe, num contexto de contestação generalizada contra o racismo e a violência policial nos Estados Unidos.

"Os democratas não o querem fazer porque querem enfraquecer a nossa polícia" com a sua própria lei, reagiu o Presidente dos EUA, Donald Trump.

Apesar da profunda vaga de protestos contra a violência policial que se abateu sobre os Estados Unidos desde a morte, às mãos da polícia, de George Floyd, as duas partes parecem ainda muito longe de um acordo sobre esta questão.

Não há consenso

O plano de reforma republicano tem o apoio da polícia e das minorias, disse Donald Trump, afastando a perspetiva de um consenso próximo, durante uma conferência de imprensa na Casa Branca.

"Não faremos sacrifícios, não faremos nada que prejudique a nossa polícia", disse.

Os democratas "decidiram arrastar esta questão até às eleições presidenciais e parlamentares de novembro", denunciou o senador Tim Scott, o único negro norte-americano a representar os republicanos na câmara alta e promotor do projeto de lei.

A votação processual para abrir o debate no plenário falhou com os republicanos a precisarem de 60 votos para passar o primeiro obstáculo, mas a conseguirem apenas 55.

"O texto republicano nem sequer tenta fazer qualquer reforma significativa para responsabilizar a polícia por má conduta", disse, no Twitter, o líder da minoria democrata, Chuck Schumer.

A presidente democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, lamentou que os senadores republicanos tenham "ignorado as vozes de centenas de milhares de pessoas que exigem justiça pacificamente", apelando para a aprovação do projeto de lei democrata, que será submetido a votação no congresso na quinta-feira.

A controversa prática de estrangulamento

Trump, que tem um poder limitado sobre a polícia, assinou em 16 de junho uma ordem executiva que proíbe a controversa prática de estrangulamento, exceto em casos de perigo para a vida de um polícia, e ordena uma reforma limitada das forças policiais.

Tim Scott disse que o seu projeto inclui "efetivamente" uma proibição de estrangulamentos, mas limita-se a suprimir os subsídios federais aos departamentos policiais que permitem esta prática. Os democratas, pelo seu lado, estão a planear uma proibição a nível nacional.

Outro ponto de discórdia é que o texto republicano não aborda a ampla imunidade de que gozam os agentes da polícia, ao contrário do dos democratas.

Tim Scott tinha explicado que a inclusão de tais medidas no projeto o condenaria ao fracasso no Senado.

A morte de Floyd

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, sucederam-se protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem, num cenário que se estendeu também com protestos e manifestações em várias cidades mundiais.

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