No dia da investidura do 47.º Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o jornalista Ricardo Durães analisa o impacto do momento e as mudanças prometidas por um discurso que marcou pela divisão e pela ênfase na imigração.
"Vai ser um dia de mudança. Primeiro porque é um feriado emblemático aqui nos Estados Unidos. E depois porque, olhando para toda a conjuntura das eleições e da vitória de Donald Trump no dia 5 de novembro, este nunca será um dia normal".
Num discurso realizado poucas horas antes da cerimónia oficial, Donald Trump deixou clara a sua intenção de marcar este dia como o início de uma "nova era". Contudo, a mensagem não foi para todos os americanos.
"Foi mais um discurso de campanha do que propriamente de um Presidente eleito. Ele direcionou-se aos seus apoiantes, fez notar que uma nova era começa nos Estados Unidos. num discurso que não foi para todos os norte-americanos".
Entre os temas centrais, a imigração ocupou um lugar de destaque. Trump reafirmou a sua postura implacável contra a imigração não autorizada, uma promessa de campanha que desperta medo e incerteza entre os imigrantes.
"Na comunidade de imigrantes, o sentimento é de muita apreensão. Há muito medo, há muita preocupação. Os norte-americanos, por outro lado, não estão assim tão alarmados, porque acreditam que estagnar o fluxo migratório será talvez mais importante do que deportações em massa".
Ricardo Durães sublinha que "iremos ver atividade contra cidadãos não documentados, mas ninguém acredita em deportações em massa. O problema é que esta situação afeta milhares de pessoas, muitas das quais têm familiares cidadãos americanos. A convivência entre residentes legais e ilegais na mesma casa é uma realidade comum no país."
Para outra parte da população, a economia é o grande foco de preocupação, "e os ventos de mudança que vieram no dia 5 de novembro tiveram muito a ver com as dificuldades da classe média norte-americana de enfrentar os desafios do dia-a-dia e a administração Biden pagou esse preço".
"Agora, muitos americanos olham para o novo mandato com esperança de uma América que lhes devolva a estabilidade financeira e a promessa de oportunidades. Esse paradigma é real e para muitos americanos esse é o ponto central deste mandato".