Eleições nos EUA

A nova era Trump: imigração, economia e diplomacia em análise

No dia em que Donald Trump assume a presidência dos Estados Unidos, a especialista em relações internacionais Joana Ricarte traça o impacto das promessas de campanha e as mudanças esperadas, desde a imigração à economia e à diplomacia global.

SIC Notícias

A Presidência de Donald Trump inicia-se sob o peso de promessas polémicas que alimentaram a sua campanha eleitoral. A especialista em relações internacionais Joana Ricarte analisa os principais desafios e possíveis repercussões das políticas anunciadas.

Entre as medidas mais destacadas está a deportação de imigrantes ilegais, tema central no discurso de Trump e nas suas promessas de campanha.

"Estamos a falar de uma operação massiva, porque nos Estados Unidos há cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais estimados, portanto, estamos a falar de uma situação que não é fácil do ponto de vista logístico. (...) Há também famílias compostas por imigrantes legais e [cidadãos] nacionais. Resta saber como é que Donald Trump pretende avançar com isso e implementar essas medidas".

A especialista aponta a ligação feita por Trump entre imigração e violência e destaca o impacto económico das deportações em massa.

"Os imigrantes ilegais representam uma parte significativa da mão de obra em áreas essenciais, como a construção, que tem um papel central na economia e não se percebe como que Donald Trump pretende sequer substituir essa mão de obra (...) que tem um aspeto importantíssimo na economia".

Economia: cortes de impostos, subida de salários e maior protecionismo

A economia é outra grande preocupação dos norte-americanos e uma área onde Trump promete mudanças radicais. Cortes de impostos, subida de salários e um maior protecionismo marcam a agenda económica.

"Vamos assistir ao escalar da guerra comercial com a China, ao aumento de tarifas sobre importações, incluindo da União Europeia e do Canadá. Estas medidas têm um potencial disruptivo enorme"

Diplomacia: nova abordagem no Médio Oriente e na Ucrânia

No campo diplomático, Trump promete alterações profundas na abordagem norte-americana a conflitos internacionais.

"Tanto no caso da Ucrânia como no caso do Médio Oriente, os Estados Unidos parecem que vão passar a ter uma abordagem de diplomacia que é voltada para os grandes atores", ignorando outras partes diretamente envolvidas, como Zelensky. "Donald Trump parece insistir em iniciar negociações com Vladimir Putin à margem da Ucrânia.

No Médio Oriente, Trump pretende avançar com negociações que excluem os palestinianos.

"Portanto, assim como já vimos no caso do Médio Oriente, na altura dos acordos de Abraão, em que os palestinianos não foram envolvidos e também o seu grande plano de paz, o "deal of the century", o acordo do século que prometeu no seu último mandato, também era um plano de paz para o Médio Oriente que não envolveu os palestinianos em nenhuma etapa negocial, também se percebe, e isso é o que parece que vai acontecer, que Donald Trump vai seguir essa abordagem também relativamente à Ucrânia e relativamente ao Médio Oriente".

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