Donald Trump avança com escolhas para compor a sua nova administração, destacando-se entre os nomeados Marco Rubio como possível secretário de Estado. Germano Almeida sublinha que a equipa de Trump traz “muitas diferenças” face à administração Biden e coloca o senador Rubio como “o único nome mais aceitável”.
Marco Rubio não irá garantir uma continuidade em relação ao trabalho de Anthony Blinken como secretário de Estado, "porque a administração Trump vai ter muitas diferenças em relação à Administração Biden, mas é alguém com credenciais: era um dos senadores republicanos, mais credenciados em política externa, vice-presidente do Comité de Assuntos Externos do Senado, tinha acesso a credenciais de intelligence e militares importantes, e nesse sentido, é um nome que, do ponto de vista de aceitabilidade, não ponho em causa."
"É um falcão, é um falcão anti-China. Anti-Irão, não é grande amigo da Europa, mas também não é da área, digamos, mais pró-Rússia do círculo próximo de Trump embora claramente vá alinhar na ideia de que a Ucrânia vai ter que aceitar uma paz forçada".
No que respeita aos outros nomeados, Germano Almeida considera que " é uma confirmação de que esta administração será muito pior que a primeira administração. É um clube de amigos de Trump, é uma administração no global incompetente do ponto de vista técnico e que não está ao nível daquilo que foram as anteriores, as legislações americanas republicanas ou democratas".
Há três nomes que passam todas as linhas vermelhas, Matt Gaetz, para procurador-geral: "é alguém que nos últimos anos tem estado em guerra com o Departamento de Justiça. É alguém que tem imensos problemas judiciais, acusado de conduta sexual imprópria, apropriação de dinheiros de campanha... É verdade que nunca foi condenado, mas até ontem ainda estava sob o alvo da Comissão de Ética do Congresso, que naturalmente já veio dizer que ,se ele for confirmado, essas acusações, caem".
Há outros dois nomes de grande preocupação, "Tulsi Gabbard é alguém que, com fortes ligações aos russos, é amiga de Assad, disse que Assad não é inimigo dos Estados Unidos. Vai mandar nas secretas, vai supervisionar as agências de informação e de serviços secretos dos Estados Unidos".
E para secretário da Defesa Pete Hegseth "é alguém que não tem manifestamente credenciais para o cargo. É um veterano de guerra do Iraque e do Afeganistão, mas era um apresentador da Fox News, do programa preferido de Trump, o Fox and Friends, e nas últimas horas a comunidade militar e a defesa americana está completamente em choque, dizendo que é claramente a pessoa menos qualificada para o cargo da História do Pentágono".
Blinken tenta dar tudo por tudo na reta final
Com a data de transição de poder a aproximar-se, marcada para 20 de janeiro, Anthony Blinken continua a trabalhar para garantir o envio dos apoios aprovados para a Ucrânia. Esteve na NATO em Bruxelas, num tudo por tudo para o garantir.
"Tem 10 semanas para concretizar o apoio já aprovado à Ucrânia, a Ucrânia queixa-se que uma coisa é a aprovação e outra coisa é receber os equipamentos e o apoio. Blnken terá dito que vai fazer tudo para concretizar isso à Ucrânia até 20 de janeiro, portanto, até 20 de janeiro pode fazer muita coisa".
De Trump e da sua equipa espera-se que forcem uma “paz negociada” que poderá pressionar a Ucrânia a abdicar de parte do seu território invadido pela Rússia, um “precedente gravíssimo” que poderá encorajar outros países a adotar ações semelhantes.
No meio deste contexto, a transição de poder entre Biden e Trump está a decorrer de forma surpreendentemente pacífica.
"É muito positivo ter acontecido isso. Só lamento que Trump tenha alinhado nisso, e bem, ao beneficiar daquilo que por mérito ganhou no voto e há 4 anos não tenha feito o mesmo. Quando estava na posição oposta, ou seja, era o Presidente cessante e Biden era o Presidente eleito. Estes dois homens estavam nas posições precisamente inversas há 4 anos e Trump não deu a Biden o que ontem Biden deu a Trump".