1 - Sim, Donald Trump continua o mesmo
A ideia de que Donald Trump seria agora um homem diferente, talvez mudado pelo que lhe aconteceu em Butler, Pensilvânia, numa suposta redenção moral perante o facto de ter escapado por milímetros à morte ou a à incapacitação é, convenhamos, apenas ridícula.
Dá jeito ao candidato republicano para explorar a ideia, junto da sua base, de que terá sido salvo "por Deus", porque será "o escolhido", um predestinado divino para defender o povo perante a elite corrupta. Sejamos realistas: Trump continua a ser Trump. Não está mais moderado.
O que Donald disse a apoiantes evangélicos na Florida (“Vamos ter tudo tão bem arranjado que não vão ter de votar novamente") aponta para o que, objetivamente, tentou em janeiro de 2021: manter-se no poder ignorando eleições. No limite, usar o poder para acabar com as eleições.
Antes da invasão do Capitólio, muitos acharam que se tratava de uma imagem, de uma alegoria. "Estava só a brincar". Depois de 6 de janeiro de 2021, insistir em desvalorizar esse perigo é, apenas, fazer de idiota útil. Não parece muito inteligente. Trump adorava ter, nos EUA, o poder que Putin tem na Rússia ou Xi na China. O risco para a democracia caso volte à Casa Branca é real. Desvalorizá-lo surge como um misto de "síndrome de Estocolmo" antecipado com um excesso de otimismo imprudente. Não costuma dar bom resultado.
2 - Argumentário Kamala contra Donald Trump
A campanha Harris tem um guião com oito ideias fortes para espalhar, de modo a destruir a campanha Trump. Quais são elas?
1) Trump é um idoso de 78 anos, com registo criminal;
2) Trump está associado ao Projeto 2025, da Heritage Foundation, uma espécie de guião ultraconservador para tomar conta do Estado;
3) quando Trump não está a mentir, está a fazer ameaças;
4) para Trump, uma lei federal a proibir o aborto é boa, a possibilidade de votar por correspondência é má;
5) elogia ditadores porque gostava de ser um deles;
6) ele está claramente preocupado com o facto de ter escolhido JD Vance para vice;
7) Trump é velho e… “um bocado esquisito”;
8) este tipo não devia voltar a ser Presidente.
UMA INTERROGAÇÃO: Vai Donald Trump ter capacidade, caso obtenha um segundo mandato presidencial, de formar uma administração com elementos credíveis como os generais Jim Mattis e HR McMaster ou Rex Tillerson e Nikki Haley, que ainda conseguiu congregar na primeira fase da sua presidência por 2017 e 2018, (mas foi perdendo, com estrondo, restando-lhe um governo fraco e mal preparado)?
Um Estado: Wisconsin
O Wisconsin tem 5,8 milhões de habitantes:
- 87% brancos;
- 7% hispânicos;
- 6,7% negros;
- 3% asiáticos;
- 50,2% mulheres;
- 23.º maior estado em área;
- 27.º mais rico.
Resultado em 2020: Biden 49,4%-Trump 48,8%
Resultado em 2016: Trump 47,2%-Hillary 46,6%
Resultado em 2012: Obama 52,8%-Romney 45,9%
Resultado em 2008: Obama 56,9%-McCain 42,3%
Resultado em 2004: Kerry 49,7%-Bush 49,3%
O Wiscosin vale 10 votos no Colégio Eleitoral (num total de 538)
Uma sondagem
VOTO POPULAR NACIONAL | Trump 47-Kamala 47
(The Hill/Emerson, 22/23 julho)