Eleições no Brasil

Vitória de Lula não chegou para evitar uma segunda volta

Os candidatos à Presidência do Brasil voltam a defrontar-se no dia 30 de outubro.

Buda Mendes

SIC Notícias

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva e o atual chefe de Estado brasileiro vão disputar a segunda volta das eleições presidenciais do Brasil, que decorre no dia 30 de outubro.

Lula da Silva obteve 48,3%dos votos na primeira volta enquanto Bolsonaro teve 43,2%.

Com estes resultados, a eleição está agora "matematicamente definida" e obriga a uma segunda volta.

A última sondagem sobre as eleições deste domingo, divulgada no sábado pelo instituto Datafolha, previa a possibilidade de uma vitória do ex-presidente Lula da Silva à primeira volta, com 50% dos votos válidos.

De acordo com a sondagem, com uma margem de erro de dois pontos percentuais, o Presidente brasileiro recolheria 36% dos votos válidos, previsão que Bolsonaro superou em sete pontos percentuais.

Brasileiros em Portugal dão vitória a Lula

Em Portugal, os brasileiros deram a vitória a Lula da Silva. No Porto, Lula conseguiu o dobro dos votos de Bolsonaro. O candidato do Partido Trabalhista conseguiu mais de oito mil votos.

Já em Lisboa, cidade que é o maior círculo eleitoral fora do Brasil, o candidato venceu as eleições com mais de 50% dos votos.

Mais a sul, em Faro, a diferença foi menos expressiva entre os dois candidatos favoritos: Lula teve 873 votos, Bolsonaro 730 votos e Ciro Gomes surge em terceiro, com 93 votos.

Bolsonaro diz que venceu a "mentira" das sondagens

Jair Bolsonaro afirmou que venceu a "mentira" das sondagens que o colocavam apenas com 36% nas intenções de voto e Lula da Silva com a possibilidade de uma vitória na primeira volta.

"Vencemos a mentira hoje" do Datafolha, disse aos jornalistas no Palácio da Alvorada, referindo-se ao instituto de sondagens.

"Acho que se desmoralizou de vez os institutos de pesquisa. Datafolha estava a dar 51% a 30% e poucos, a diferença foi de 4%. Então, isso tudo ajuda a levar voto para o outro lado", sublinhou.

"Temos um segundo turno pela frente", frisou, acrescentando que o objetivo passa agora por procurar virar o estado de Minas Gerais, que perdeu por pouco para Lula, e diminuir a desvantagem para o estado da Bahia.

O foco agora, disse, passará por mostrar à população que os planos políticos de Lula da Silva "podem ser piores" e transformar o país "numa Venezuela".

"Entendo que há uma vontade de mudar. Mas há certas mudanças que podem virar para o pior. Tentámos mostrar esse outro lado, mas parece que não atingiu a camada mais importante", refletiu.

Bolsonaro evitou, contudo, falar sobre suspeitas de fraude eleitoral nas urnas eletrónicas, uma acusação insistente do candidato e atual chefe de Estado.

Segunda volta é "segunda chance que o Bolsonaro me dá"

O antigo presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva mostrou-se confiante numa vitória nas eleições brasileiras e disse que a segunda volta será apenas uma "prorrogação".

"Sempre achei que nós iríamos ganhar as eleições e nós vamos ganhar as eleições. Isto para nós é apenas uma prorrogação", afirmou numa conferência de imprensa em São Paulo após a divulgação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que indicou uma disputa entre ele e o atual Presidente, Jair Bolsonaro.

O ex-presidente disse acreditar que nada acontece por acaso e afirmou que durante toda a campanha esteve à frente nas sondagens.

"Para desgraça de alguns tenho mais 30 dias para ir para a rua. Adoro fazer campanha, adoro fazer comício" e "vai ser importante porque será a chance de fazermos um debate com o Presidente da República. Acho que é uma segunda chance que o Bolsonaro me dá", afirmou, adotando um tom confiante.

"A luta continua até à vitória final", acrescentou, recomendando aos apoiantes, entre sorrisos, a data da segunda volta: "É dia 30, não esqueçam".


“Vai ser bom, vamos poder ter um tête-à-tête”

“Durante toda a campanha a gente esteve na frente”, isso mesmo indicaram as sondagens, mas vincou Lula "sempre achei que ia ganhar estas eleições, e vamos ganhar. Isto [a segunda volta] para nós é apenas uma prorrogação"

"Vai ser bom, vai ser a primeira vez que vamos poder fazer um tête-à-tête, é um segunda chance que o povo me dá. Vamos deixar o segundo turno para a gente poder fazer comparações do Brasil que ele [Bolsonaro] construiu e que nós construímos. Começo amanhã a fazer campanha", disse, pedindo desculpa aos jornalistas mas “vão ter de continuar a trabalhar” por mais uns dias.

Também à mulher, Lula pediu desculpa por não poder gozar uns dias de folga. “Se ganhasse ia fazer uma pequena lua de mel” de três dias, “assim vamos esperar” e pode ser que no dia 30 de outubro “eu ganhe de presente de (aniversário] a vitória”.

Os mais de 156 milhões de eleitores foram este domingo chamados às secções de voto até às 17:00 de Brasília (21:00 em Lisboa), nas 577.125 urnas eletrónicas espalhadas por 5.570 cidades do país.

Às presidenciais brasileiras concorreram 11 candidatos: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D'Ávila, Soraya Tronicke, Eymael, Padre Kelmon, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.

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