O presidente do PSD recusou esta segunda-feira revelar eventuais conversas pré-eleitorais com a IL, dizendo não querer "distrair os portugueses com mexericos políticos", e criticou a insistência da comunicação social no tema da empresa familiar Spinumviva.
Na feira de Espinho, a caravana da AD não se cruzou com a do PS, que começou no mesmo local, mas meia hora antes, nem com elementos do PPM, PAN e Chega que também andavam na mesma feira.
No final de uma passagem de 40 minutos com muitos jornalistas a tentarem chegar ao pé do primeiro-ministro e líder da AD- Coligação PSD/CDS-PP, Luís Montenegro respondeu a perguntas da comunicação social e foi questionado se entende, ao fim de uma semana de campanha, que "valeu a pena insistir na teimosia de manter a empresa familiar e levar o país para eleições".
"O senhor não tem mais nenhuma pergunta para me fazer todos os dias? A RTP está empenhadíssima", afirmou o líder do PSD, que foi depois informado que tinha a SIC a questioná-lo sobre este tema.
"Então é a SIC, pronto, mas eu vi aqui o microfone da RTP que tem sido mais insistente. Mas querem voltar a fazer as mesmas perguntas que faziam há dois meses e há três meses? Sinceramente, eu estou muito tranquilo com isso, ainda ontem estive na SIC, até a responder questões à volta disso", disse, referindo-se ao programa humorístico de Ricardo Araújo Pereira, não acrescentando mais nada.
Para o também primeiro-ministro, nesta última semana de campanha "o essencial é que as portuguesas e os portugueses tomem uma decisão sobre o seu futuro, deem condições de governabilidade e de estabilidade a um governo que querem continuar o seu trabalho", considerando que o resto "o resto são manobras para tentar distrair os portugueses de uma avaliação serena".
“O que eu propus foi uma coligação aos portugueses para continuarem a acreditar neste governo”
Já questionado sobre as afirmações do presidente da IL, Rui Rocha, na véspera, de que tinha sido desafiado pelas lideranças do PSD para uma coligação pré-eleitoral - que recusou -, Montenegro não respondeu diretamente.
"O que eu propus foi uma coligação aos portugueses para continuarem a acreditar neste governo e é essa que interessa agora. As conversas entre os partidos acho que existem e vão existir sempre, mas não é meu hábito distrair as portuguesas e os portugueses como mexericos políticos, quando aquilo que está em causa são opções estratégicas para o futuro do país", disse.
Perante a insistência da comunicação social nas questões da governabilidade, Montenegro defendeu que tem sido mais claro do que qualquer outro líder político.
No final destas declarações, foi ainda questionado se há problemas na coligação PSD/CDS-PP, respondendo um breve: "Nada disso".
Pensionistas confiam no primeiro-ministro e não em piropos
O presidente do PSD defendeu ainda que os pensionistas confiam na palavra do Governo e do primeiro-ministro e não em "piropos" de campanha eleitoral, e voltou a alertar para os riscos da instabilidade internacional.
O líder da AD começou por procurar realçar que foi recebido com entusiasmo na sua cidade natal, mas foi mais longe nesta sua apreciação dizendo que isso "tem sido uma pedra dominante em todos os cantos do país".
"Há cada vez mais razões para estarmos confiantes, tranquilos, empenhados, mas para também ter a humildade democrática de esperar o veredicto soberano do povo no próximo domingo", disse, antes de se referir em particular aos eleitores pensionistas e reformados.
"Demos muita segurança e confiança aos nossos pensionistas e reformados, como aliás foi possível comprovar com as mensagens de incentivo e apoio que recebi de pessoas que não estão propriamente a olhar agora para estes piropos de campanha eleitoral. Como se comprovou aqui [Feira de Espinho] mais uma vez, os pensionistas e reformados portugueses confiam na palavra deste Governo, deste primeiro-ministro, porque sabem que já não é apenas um piropo de campanha eleitoral", sustentou.
Sem se referir diretamente à esquerda política, em especial ao PS, o primeiro-ministro criticou aqueles que usam a estratégia de "atirar medo" junto do eleitores mais idosos.
"Em 11 meses de trabalho intenso no Governo aumentámos os rendimentos das pessoas, demos esperança aos jovens, demos a todos aqueles que estão na vida ativa uma orientação de que vale a pena produzir e vale a pena ir mais longe", completou.
A seguir, no entanto, o presidente do PSD advertiu para os riscos da situação internacional, num momento em que o país que "está a crescer do ponto de vista económico, que tem tranquilidade financeira e que não está sujeito atualmente a nenhuma pressão por parte dos mercados financeiros".
"Mas não estamos imunes ao que se passa fora do país e não estamos aqui para nos lamentarmos da situação. Estamos aqui para superar os obstáculos que temos pela frente - e é isso que o povo português reconhecidamente nos vai transmitindo. E estou convencido que se vai materializar no resultado", acrescentou.