Eleições Legislativas

Balanço da campanha: "Figura central é o eleitor e particularmente os indecisos"

Em jeito de balanço, a politóloga Paula Espírito Santo analisa o trabalho dos partidos nas últimas semanas e responde a seis perguntas simples sobre a campanha eleitoral.

SIC Notícias

A campanha eleitoral para as legislativas termina esta sexta-feira. Em entrevista na SIC Notícias, a politóloga Paula Espírito Santo Paulo faz uma análise do percurso feito pelos partidos nas últimas semanas. Um balanço que inclui respostas a cinco perguntas simples, incluindo: “É o eleitor, é o povo e particularmente são os indecisos, são eles que têm estado nos últimos dias na mira dos políticos e são os indecisos que vão ser o principal protagonista da noite das eleições”.

Tendo em conta as críticas e acusações, foi possível ir identificando a estratégia que foi utilizada por cada líder partidário. O líder da AD, Luís Montenegro, disse muitas vezes que não queria responder diretamente às críticas de outros líderes, mas sim focar-se nos problemas do país. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, na questão de andar para a frente, sempre mais ação e com a palavra sempre muito veiculada de “não querer ver o país a arrastar os pés”.

"Os partidos acabaram por centrar-se bastante nos grandes temas que interessam eleitorado, a Habitação, a Saúde, a Justiça. (…) Quando entramos na primeira semana propriamente dita de campanha, nota-se que a AD marca a agenda mediática, particularmente por alguma dissonância ou alguma falta de coordenação relativamente às figuras que lançam temas que são discutidos na praça pública, daí que a estratégia de Montenegro de se centrar nos assuntos acabou por arrastá-lo também para alguma contra resposta e esclarecimento sobre qual era o fio condutor do seu programa eleitoral.

Percebe-se que da parte de Pedro Nuno Santos, houve também esse ir atrás dos temas do momento, particularmente na primeira semana de campanha, em que marcou tanta agenda. A contrapropaganda acabou por estar mais presente no espaço mediático durante a primeira semana.

Creio que esta segunda semana foi mais afirmativa do ponto de vista das ideias daquelas que se conseguem centralizar no debate, mas também no debate com os públicos e com a rua, nos comícios. Essa espécie de diálogo que não é um diálogo com as forças opositoras, mas que é um diálogo com a rua traz-nos também a vivacidade dos argumentos centrais de cada de cada força política", explica Paula Espírito Santo.

A politóloga considera que esta campanha trouxe de positivo uma demarcação sobre como é que seria o dia seguinte ao dia da eleição, ou seja, quais seriam os cenários e as hipotéticas alianças que se poderiam estabelecer do ponto de vista de se assegurar a governabilidade.


“Esse é talvez o aspeto mais importante que nós retiramos daqui, é a ideia de responsabilidade política, de compromisso no pós-eleições, porque nós sabemos que o tempo de campanha esfuma-se rapidamente”, realça.

Sobre as arruadas e outras iniciativas de campanha, Paula Espirito Santo esclarece que todas têm o seu papel, mas destaca a importância das ações de rua.

“Esta dinâmica de festa, esta quase antecipação das vitórias pode também ajudar a canalizar o voto e os eleitores gostam de ter força, simbolicamente essa força que é transmitida através da cobertura noticiosa, pode também trazer atrás de si mais votos e trazer um compromisso importante junto do eleitorado”, sublinha a politóloga.

Perguntas e respostas sobre a campanha eleitoral

Em jeito de balanço, Paula Espírito Santo responde a seis perguntas simples sobre a campanha, que antecede as eleições de 10 de março.

  • Quem marcou a campanha?

“Do ponto de vista político, podemos dizer que é difícil identificar porque são líderes novos. Eu poderia dizer, os partidos marcaram cada um na sua dimensão. É difícil identificar um apenas porque todos os partidos, particularmente os que têm assento parlamentar, conseguiram evidenciar-se e conseguiram também conquistar a sua notoriedade, particularmente quando pensamos em líderes que são jovens, jovens de idade e jovens também junto do eleitorado".

  • Qual foi o momento da campanha?

“Os momentos são vários, creio que não dá para dizer que há um momento só. Os momentos são aqueles em que é preciso encontrar a tal capacidade de resposta dos líderes, daí que eu acho que os momentos são os momentos da rua, são os momentos da campanha os mais significativos”.

  • Quem foi a figura da campanha?

“Eu vou eleger uma figura que é central quando falamos de eleições legislativas, a figura central aqui é o eleitor, é o povo, e particularmente são os indecisos, porque são eles que têm estado nos últimos dias na mira dos políticos e são os indecisos que vão ser principal protagonista da noite das eleições”.

  • Depois de debates e campanha, os eleitores ficam esclarecidos?

“Creio que esta campanha foi muito intensa, creio que quem não se quiser esclarecer certamente poderá estar afastada de tudo, mas é preciso um grande esforço para não ser esclarecido porque a campanha está a ser muito intensa e todos nós temos todos os elementos neste momento para poder pensar sobre qual será a decisão política”.

  • Os líderes conseguiram criar empatia?

“Conseguiram, dado que partiram com menos, comparando com outras eleições, partiram com menos lastro político. Daí que eu creio que, em geral, essa empatia foi construída e a empatia não se constrói de um dia para o outro, mas foi sendo construída e pelo menos foi reforçada”.

  • Tendo em conta os últimos dados a respeito das sondagens, é possível traçar um cenário político?

“É difícil porque ainda temos uma proporção grande de indecisos e temos também eleitores voláteis, flutuantes, que podem na noite eleitoral canalizar o voto nesse momento em sentido desconhecido (…) A eleição é muito competitiva e leva precisamente a que haja uma decisão de voto, por vezes, no próprio dia da eleição ou até na véspera".

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