Economia dia a dia

Economia dia a dia: as ondas da inflação

Esta quarta-feira, na rubrica Economia dia a dia, falamos da inflação de maio em Portugal que se fixou nos 4%. Como está o resto do mundo? E qual vai ser a reação dos bancos centrais?

Teresa Amaro Ribeiro

A tempestade tem vindo a acalmar e as ondas já rebentam com menor estrondo.

Depois de os números da inflação terem subido em escalada no ano passado, alcançando picos por todo o mundo, parece que agora a maré mudou.

Mas diz-se que o mar é traiçoeiro. E esta descida da taxa de inflação não significa propriamente que os preços estão também a descer.

Antes pelo contrário, em Portugal continuam a subir, ainda que a um ritmo muito mais baixo se compararmos com o pico do ano passado: em outubro a inflação chegou aos 10%

O Instituto Nacional de Estatística confirmou, esta quarta-feira, a primeira estimativa da inflação: 4% é o valor de maio.

Há sete meses que a inflação desce em Portugal e as razões apontadas pelo INE são várias: “o efeito de base resultante do aumento de preços da eletricidade, do gás e dos produtos alimentares” e o IVA zero, que teve um impacto direto de 0,8 pontos percentuais.

A taxa de inflação subjacente exclui os valores que mais oscilam, ou seja, os bens alimentares não-processados e a energia, por isso ajuda a perceber a persistência ao surto inflacionista.

Este valor também diminuiu, de 6,6% em abril para 5,4% em maio.

Este abrandamento estende-se para as grandes economias do Ocidente.

No nosso país vizinho, a taxa de inflação em maio fixou-se nos 3,2%. Em Espanha contribuiu para esta diminuição a descida dos preços dos combustíveis e de alimentos como o leite, queijo, ovos e peixe.

Do outro lado do globo, na China, foi registada a taxa de inflação mais baixa do mundo: 0,2% em maio, segundo o Gabinete Nacional de Estatística em Pequim.

Nos Estados Unidos da América também houve um recuo na inflação, que se fixou em 4% no mês passado.

O abrandamento da inflação pode retirar alguma pressão aos bancos centrais para aumentos acentuados das taxas de juro.

O banco da Reserva da Austrália e o Banco do Canadá optaram por subidas moderadas de 25 pontos-base. O Banco Central Europeu pode fazer o mesmo, mas só saberemos esta quinta-feira qual vai ser a decisão de Christine Lagarde e da sua equipa.

Para já, sabemos que a média da inflação das 20 economias do euro desceu para 6,1% em maio, sendo que em abril tinha registado 7%.

Ainda que estes valores digam respeito a uma estimativa rápida do Eurostat, se se mantiverem, a inflação portuguesa ficará abaixo da média da zona euro.

Últimas