Curiosidades da Ciência

Planta biotecnológica purifica o ar das casas

Uma planta que vale por 30 para purificar o ar interior de poluentes tóxicos.

Neoplants

Catarina Solano de Almeida

Tem o ar de uma simples planta verde, mas o seu nome comercial denuncia a sua verdadeira natureza: Neo Px é uma planta biotecnológica capaz de purificar o ar interior, a primeira de uma potencial linha de plantas com superpoderes.

“É equivalente a 30 plantas domésticas comuns: ela capta, elimina e recicla alguns dos poluentes mais nocivos que existem nas nossas casas", garante à AFP Lionel Mora, cofundador da start-up francesa Neoplants.

Há mais de 5 anos, este empresário francês conheceu o investigador Patrick Torbey, especialista em edição de genoma, que sonha criar organismos vivos “que tenham funções”.

“Tínhamos plantas à nossa volta e pensámos que a função mais poderosa que lhes poderíamos acrescentar seria purificar o ar”, conta Lionel Mora.

Na estufa em Lodi, a duas horas de São Francisco, vários milhares de pothos Marble Queen, umas plantas verdes salpicadas de branco, com cerca de 20 centímetros de altura, aguardam para serem colocadas em vasos apropriados, embaladas e enviadas.

“Fazemos o possível para enviar semanalmente o máximo de plantas possível, mas não está a ser suficiente para responder à procura", diz Mora.

A start-up sediada perto de Paris começou a comercializar o seu primeiro produto nos Estados Unidos no final de abril, onde obteve a aprovação das autoridades. É um mercado particularmente favorável, uma vez que muitos americanos já possuem purificadores de ar. Além disso, “são sensíveis ao problema dos incêndios florestais, uma vez que a combustão emite benzeno, que é um dos compostos orgânicos voláteis (COV) que visamos”, explica Lionel Mora.

Que moléculas tóxicas são essas que estão no ar das nossas casas?

Mas mesmo sem morarmos na Califórnia ou numa cidade com tráfego intenso de automóveis, o ar interior das nossas casas pode ser duas a cinco vezes mais poluído do que o ar exterior, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, principalmente devido aos COV.

E abrir as janelas não basta. Porque estas moléculas são emitidas continuamente por numerosos solventes, colas e tintas e, portanto, por produtos de limpeza, móveis e paredes das casas e escritórios onde os humanos passam a maior parte do tempo.

“Estas substâncias representam muitos riscos para a saúde, incluindo cancro”, especialmente para os mais jovens, os mais velhos e as pessoas que já são vulneráveis, explicou á AFP Tracey Woodruff, professora de ciências reprodutivas na Universidade de São Francisco e especialista em poluentes químicos.
“Podem irritar o trato respiratório, afetar o desenvolvimento fetal, causar abortos espontâneos e também estão associadas a declínios cognitivos e neurológicos, como a doença de Parkinson”.

A Neo Px não absorve COV por si só. É vendidacom uns pacotes que contêm uma estirpe bacteriana. Esta bactéria coloniza as raízes da planta, o solo e as folhas, explica Patrick Torbey, diretor tecnológico, no laboratório da empresa em Saint-Ouen, subúrbio de Paris.

Plantas geneticamente modificadas

É a bactéria que “absorve os COV, para crescer e reproduzir-se. A planta cria esse ecossistema para as bactérias. Por isso temos um sistema de simbiose entre plantas e bactérias”.

No futuro, a Neoplants pretende produzir plantas geneticamente modificadas, cujo metabolismo faria diretamente a reciclagem do ar.

E, a longo prazo, também quer resolver problemas ligados ao aquecimento global.

“Poderemos vir a aumentar a capacidade das árvores de capturar CO2”. Ou “desenvolver sementes mais resistentes à seca”, diz Lionel Mora.

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