"Eu não compreendo a política dos gregos. É inaceitável que a Grécia atue como uma agência de viagens", que encaminha os refugiados para outros destinos europeus, criticou Werner Faymann ao jornal diário Österreich, acrescentando que a Grécia recebeu no ano passado 11.000 requerentes de asilo e a Áustria 90.000.
O desentendimento entre Viena e Atenas intensificou-se depois de a Áustria ter definido, há cerca de uma semana, quotas para imigrantes que pretendam entrar no seu território, imitando os seus vizinhos nos Balcãs, o que criou um gargalo na Grécia.
A Áustria, que tem 8,5 milhões de habitantes, quando a Grécia tem aproximadamente 11 milhões, afirma que é dos países da União Europeia que mais migrantes (por habitante) acolheram no ano passado, depois da Suécia.
O país aceitou receber cerca de 37.500 refugiados suplementares este ano, um rácio que, se fosse aplicado em toda a União Europeia, permitiria acolher dois milhões de migrantes, segundo Werner Faymann.
Em 2015 alcançaram as costas gregas a partir da Turquia cerca de 851.000 migrantes e refugiados, com 103.000 a serem salvos pela guarda costeira. A maioria era proveniente da Síria (57%), seguindo-se o Afeganistão (24%) e o Iraque (9%).
Atenas argumenta ter despendido mais de 350 milhões de euros apenas em operações de resgate, transporte, acolhimento e realojamento dos refugiados. Dos 446 milhões de euros de financiamento prometidos por Bruxelas -- com um quarto desse valor a ser pago pelos contribuintes gregos -- apenas foram disponibilizados 33 milhões de euros para dar resposta à crise migratória.
Lusa