Coronavírus

O que é a “flurona”? Perguntas e respostas sobre o novo termo que está a marcar a pandemia

O termo “flurona” apareceu depois de terem sido identificadas, em Israel duas pacientes com covid-19 e gripe, em simultâneo.

Depois de coronavírus, Delta, Ómicron, surge agora um novo termo: “flurona”. Esta palavra resulta da combinação dos termo inglês “flu” (que significa gripe) e “corona”. Como o nome indica, “flurona” representa situações em que o paciente foi infetado por ambos os vírus.

O termo começou a ser utilizado no início do ano, depois de terem sido identificados dois casos em Israel: duas pacientes grávidas testaram positivo à covid-19 e à gripe em simultâneo. Estaremos perante uma nova epidemia – desta vez dupla?

A SIC Notícias reuniu algumas perguntas e respostas para explicar este novo termo.

Quais são sintomas de “flurona” e como se transmite?

A “flurona” não é uma doença diferente da covid-19 ou da gripe, representa uma situação em que o doente está infetado pelos dois vírus em simultâneo. São vírus diferentes, mas que têm semelhanças quer nos sintomas, quer na forma de transmissão.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) avança que, tanto na gripe como na covid-19, os principais sintomas são tosse, congestionamento nasal, dor de garganta, febre, dores de cabeça e fadiga. Ao nível da transmissão, ambos os vírus viajam em gotículas ou aerossóis, que são expelidos quando uma pessoa infetada “tosse, espirra, fala, canta ou respira”.

Também os grupos com maior risco desenvolver doença grave são coincidentes: idosos, pessoas com doenças crónicas, imunodeprimidos, profissionais de saúde e grávidas.

Casos de “flurona” só apareceram agora?

Mesmo antes de ter sido criado o termo, já tinham sido identificados casos de dupla infeção em vários países. Nos Estados Unidos foi reportado um caso de “flurona” em fevereiro de 2020: um homem testou positivo à gripe e a covid-19, depois de ter sido admitido no hospital de Nova Iorque com sintomas graves de tosse e febre. Além do paciente, também três elementos da sua família contraíram ambos os vírus, reporta o The Atlantic.

Desde então, os casos de “flurona” têm sido reportados em diferentes países e continentes. As autoridades de saúde das Filipinas garantem que a infeção dupla não é incomum. Ao jornal local ABS-CBN, Edsel Salvana, membro do grupo de aconselhamento técnico do Departamento Nacional de Saúde, a primeira morte associada ao novo coronavírus que foi registada no país – e a primeira morte a acontecer fora da China – tratava-se de um paciente que tinha covid-19, Influenza B e pneumonia (streptococcus pneumoniae).

No Brasil, foram confirmados seis casos de “flurona”, em três estados diferentes. O secretário Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, disse à agência EFE, que há pelo menos 17 suspeitas sob investigação. Também na Hungria foram identificados pelo menos dois casos de flurona, nas últimas semanas.

Os poucos casos reportados até agora podem estar podem estar relacionados com os diferentes protocolos seguidos nos hospitais, no que à testagem diz respeito: enquanto uns estão a realizar testes a ambos os vírus, outros podem estar apenas a testar casos de covid-19.

A junção dos dois vírus vai ser mais comum este ano?

Uma vez que ambos os vírus – SARS-CoV-2 e Influenza – se transmitem da mesma forma, as medidas para prevenir um acabam por prevenir também o outro. Por isso, no inverno do ano passado houve uma diminuição dos casos de gripe, devido ao confinamento, ao distanciamento social e ao uso de máscara. Mas, este ano, à medida que as restrições são levantadas, a propagação do vírus da gripe volta a aumentar.

Nadav Davidovitch, diretor da escola de Saúde Pública da Universidade Ben-Gurion, em Israel, explica à CNN que “depois de um ano com muito pouca ou nenhuma atividade de Influenza, no próximo ano, porque as pessoas estiveram menos expostas, ficam mais vulnerável [ao vírus]”.

Além disso, o aparecimento e rápida propagação da nova variante Ómicron tem levado a um aumento do número de novos casos no mundo. No dia 5 de janeiro, em Portugal, foram registados perto de 40 mil novos casos – o valor mais alto desde o inicio da pandemia -, depois de terem sido batidos sucessivos recordes durante a semana entre no Natal e a passagem do ano.

A “flurona” é mais perigosa que a gripe ou a covid-19?

O impacto que um vírus tem no hospedeiro depende do seu sistema imunitário. No entanto, é importante sublinhar que tanto a gripe como a covid-19 são doenças que podem colocar em risco a vida dos doentes.

Para Ardian Burrowes, especializado em medicina familiar e professor na Universidade da Florida Central, a junção dos dois vírus poderá ser “catastrófica para o sistema imunitário“, principalmente se for um paciente que integre os grupos de risco. O especialista disse à CNN, em setembro, que acredita que esta dupla infeção irá resultar numa “maior taxa de mortalidade”.

Por outro lado, Aronn Vizhinitser, diretor do departamento de ginecologia no hospital israelita onde foram identificados os dois casos de “flurona”, sublinha que se as pessoas forem vacinadas, “a doença é muito ligeira”. Para já, não existem dados suficientes que comprovem um aumento da taxa de hospitalização ou de morte relacionada com “flurona”.

A OMS aconselha a população de risco a vacinar-se contra ambos os vírus, para se proteger contra as duas doenças separadas ou juntas. Em Portugal, por exemplo, o reforço da vacinação contra a covid-19 começou por abranger a população mais idosa, tendo sido realizada em simultâneo com a vacinação contra a gripe.

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