Coronavírus

AstraZeneca garante eficácia da vacina contra a Ómicron com dose de reforço

Estudo revela que três doses fornecem níveis de anticorpos contra a Ómicron semelhantes a duas doses contra a Delta.

Matthias Schrader

Catarina Solano de Almeida

A farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca anunciou hoje que a sua vacina Vaxzevria contra a covid-19 é eficaz contra a variante Ómicron após a administração de uma terceira dose. Garantiu também que o seu cocktail de anticorpos Evusheld para prevenção da covid-19 "mantém a atividade neutralizante contra a variante Ómicron"

Em comunicado, a empresa refere que, no estudo realizado na Universidade de Oxford, se concluiu que a vacina fornece níveis de anticorpos neutralizantes após a injeção de reforço até mais elevados do que os anticorpos em pessoas que foram infectadas com o novo coronavírus e que recuperam naturalmente.

Após um esquema de três doses da vacina, os níveis de anticorpos contra a Ómicron foram semelhantes aos da variante Delta após duas doses, acrescenta a empresa.

"Os níveis [de anticorpos neutralizantes] observados após uma terceira dose foram mais elevados do que os anticorpos detetados em indivíduos que tinham sido previamente infetados e recuperaram naturalmente" das variantes alfa, beta, delta e da estirpe original de covid-19, diz a Astrazeneca.

A farmacêutica anglo-sueca afiirma que os investigadores da Universidade de Oxford que realizaram o estudo são independentes dos que trabalharam na vacina com a AstraZeneca.

Laboratórios recomendam doses de reforço das várias vacinas

Vários estudos recentes, realizados em laboratório, mostram que a taxa de anticorpos diminui contra a variante Ómicron em pessoas vacinadas com Pfizer/BioNTech, Moderna e ainda mais com a vacina da AstraZeneca ou a chinesa Sinovac.

A Pfizer/BioNTech e a Moderna também anunciaram recentemente que uma dose de reforço parece aumentar significativamente a imunidade por anticorpos, mas faltam dados sobre quanto tempo essa proteção dura.

A ilusão da 3.ª dose

O responsável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na quarta-feira para a ilusão de que bastaria administrar doses de reforço para sairmos da pandemia da covid-19.

"Nenhum país será capaz de sair da pandemia com doses de reforço e este reforço [da vacina] não é um sinal verde para comemorar, como já avisamos anteriormente", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Dois estudos realizados no Reino Unido e publicados esta quarta-feira mostram que as infeções com a variante Ómicron provocam menos hospitalizações em comparação com a variante Delta, confirmando uma tendência já verificada na África do Sul.


Cocktail de anticorpos "mantém a atividade neutralizante contra a variante Ómicron"

Em comunicado separado, a AstraZeneca garante também que o seu cocktail de anticorpos de ação prolongada Evusheld para prevenção da covid-19 "mantém a atividade neutralizante contra a variante Ómicron", segundo um estudo da Universidade de Oxford et da Escola de Medicina da Universidade Washington em St Louis, EUA.

"Dados consistentes de três estudos independentes mostram que Evusheld (...) permanece eficaz contra a variante Ómicron em níveis que proporcionam benefícios aos pacientes", segundo o diretor de investigação e desenvolvimento da AstraZeneca para a biofarmácia, Mene Pangalos.

A Agência de Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) autorizou a administração de anticorpos sintéticos desenvolvidos pela AstraZeneca em certos indivíduos que reagem mal às vacinas e assim protegê-los contra a covid-19 mesmo antes mesmo de qualquer exposição ao vírus.

Mas o medicamento está apenas autorizado para pessoas imunodeprimidas, para quem a vacina tem menos probabilidade de funcionar, ou para outras que não podem ser vacinadas por razões médicas, como é o caso de reações alérgicas. Nestes casos, o medicamento pode ser administrado a partir dos 12 anos.

EMA em processo de avaliação do Evusheld

De acordo com o portal da EMA, o Evusheld da AstraZeneca está em fase de revisão contínua, um instrumento regulatório para acelerar a avaliação de um novo medicamento em situações de emergência de saúde pública.

O Evusheld é uma combinação de dois anticorpos sintéticos e é administrados em duas injeções intramusculares. Ajudam o sistema imunitário a combater o vírus tendo como alvo a proteína espícula, a que permite ao vírus entrar nas células para as infetar.

A EMA já aprovou os medicamentos com anticorpos monoclonais Ronapreve, Regkirona e Xevudy, o antiviral Veklury (remdesivir) e o imunosupressor Kineret para o tratamento da covid-19.

O Ronapreve, da farmacêutica Roche Registration GmbH, destina-se ao tratamento de adolescentes a partir dos 12 anos e de adultos que não necessitam de oxigénio suplementar e que apresentam risco de agravamento da covid-19.

O Regkirona está recomendado apenas para adultos na mesma situação.

O Veklury (remdesivir) foi o primeiro com aval da EMA, em junho de 2021, para adultos e adolescentes a partir dos 12 anos com pneumonia e que necessitem de oxigénio suplementar.

O Xevudy, da farmacêutica britânica GlaxoSmithKline, destina-se a ser usado em adultos e adolescentes que não precisam de oxigénio suplementar e que apresentam um risco acrescido de ter doença grave.

O imunodepressor Kineret, da sueca Sobi, está indicado para adultos que não estejam ventilados e que estejam em risco de ter insuficiência respiratória. O fármaco impede a ação de um elemento químico implicado nos processos imunitários que provocam a inflamação.

Mais de 5,36 milhões de mortos no mundo

A covid-19 provocou mais de 5,36 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

Uma nova variante, a Ómicron, classificada como "preocupante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 89 países de todos os continentes, incluindo Portugal.

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