O investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Carlos Antunes considera que, face à atual prevalência de covid-19, o risco de os festejos do Sporting desencadearem um descontrolo epidemiológico é baixo, mas aconselha que se façam autotestes.
"Do ponto de vista matemático, sabendo a natureza do contágio desta doença, o risco é baixo. Por cada 10 mil que lá estiveram sairão de lá quatro pessoas infetadas", explicou.
Milhares de pessoas, muitas sem máscaras, festejaram em Lisboa na noite de terça-feira e madrugada de hoje, primeiro junto ao Estádio do clube e depois no junto ao Marquês de Pombal, a conquista pelo Sporting da I Liga portuguesa de futebol pela 19.ª vez, 19 anos após a última conquista, ao vencer na receção ao Boavista, por 1-0.
No entender do especialista, a probabilidade de terem estado pessoas infetadas nos festejos em Lisboa é baixa uma vez que a prevalência da doença na zona de Lisboa e Vale do Tejo é de 0,04 por cento.
"Temos de nos basear na taxa de incidência [de novos casos] da região. Não sabemos se eram todas de Lisboa e Vale do Tejo, mas mesmo vindo de outras regiões a incidência é baixa", disse.
Carlos Antunes considera, contudo, prudente que quem esteve nos recintos onde decorreram os festejos da vitória do Sporting reduza os seus contactos e realizem um autoteste dois a três dias depois.
"Se houver esta prudência então a situação é de menor risco ainda", frisou.
Também, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, pediu algumas cautelas.
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"Quem esteve exposto deve agora, nos próximos dias ter algumas cautelas, reforçar aquilo que são os seus comportamentos individuais e tentar proteger contactos mais vulneráveis para limitar os riscos", disse.
E acrescentou: "Felizmente, até partimos de um patamar de incidência baixa, mas não é de excluir que uma pessoa [infetada pelo novo coronavírus] possa ter estado nos festejos, alguém com capacidade para transmitir a doença".
"Agora é necessário manter a vigilância perante o [eventual] surgimento de casos, fazendo a rápida interrupção das cadeia de transmissão", adiantou.
Ricardo Mexia considera que o evento deveria ter sido melhor planeado, porque apesar de Portugal já não estar em estado de emergência existem ainda importantes medidas em vigor que devem ser mantidas tais como o uso de máscara e o distanciamento físico.
"Teria sido melhor se tivéssemos tido mais cautela", frisou.