A Organização Mundial da Saúde Europa afirmou esta quinta-feira que os benefícios da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 "ultrapassam muito os seus riscos", notando que a sua suspensão em alguns países mostra que "a vigilância funciona".
"Em campanhas de vacinação é rotineiro assinalar potenciais eventos adversos, mas isso não significa que esses eventos estejam ligados às vacinas", afirmou em conferência de imprensa virtual o diretor do departamento europeu da OMS Europa, Hans Kluge, comentando a suspensão da aplicação da vacina da AstraZeneca em vários países europeus, incluindo Portugal.
Hans Kluge considerou que "a deteção, investigação e avaliação" da ocorrência de algumas dezenas de "problemas raros de coagulação sanguínea" demonstram que há "fortes mecanismos de vigilância e regulação".
O responsável europeu da OMS salientou que "o embolismo trombovenoso é a terceira doença cardiovascular mais comum no mundo e acontece na população quer esteja ou não vacinada".
Kluge reconheceu que ainda não se sabe se "alguns ou todos os problemas [de tromboembolismo venoso registado em algumas dezenas de pessoas na Europa] foram causados pela vacina ou por outros fatores coincidentes".
"A OMS está a avaliar os mais recentes dados de segurança e, quando completados, os resultados serão publicados", garantiu.
Como é feito o processo de avaliação da vacina da AstraZeneca pela Agência Europeia de Medicamento?
O processo de avaliação da vacina da AstraZeneca, feito na Agência Europeia de Medicamento (EMA), passa por dois dos seus sete grupos científicos.
Normalmente, os medicamentos só são suspensos depois da decisão científica da EMA, o que não aconteceu desta vez com a vacina da AstraZeneca. Em Portugal, os especialistas defendem que a suspensão só deveria ter acontecido depois de um parecer negativo dos peritos europeus.
NOVA ANÁLISE À VACINA CONCLUÍDA NA QUINTA-FEIRA
A Agência Europeia de Medicamentos conclui esta quinta-feira a nova análise à vacina da AstraZeneca. O regulador mantém a convicção de que os benefícios são muito superiores aos riscos.
O regulador europeu explica que, numa campanha de vacinação de dimensão mundial, é inevitável haver efeitos secundários, ainda que raros. Mas assegura que não há evidências de que foi mesmo a vacina a provocá-los. Garante que a prioridade é a segurança e, por isso, está a avaliar minuciosamente cada um dos casos suspeitos.