Coronavírus

Ordem dos Médicos não foi informada das conclusões do inquérito ao surto no lar de Reguengos

A Ordem lamenta ter tido conhecimento do relatório através da nota de imprensa.

NUNO VEIGA

SIC Notícias

A Ordem dos Médicos garante que não recebeu qualquer notificação, nem do Ministério da Saúde, nem da Inspeção Geral das Atividades em Saúde, sobre o inquérito ao surto no lar de Reguengos de Monsaraz.

A Ordem lamenta ter tido conhecimento do relatório através da nota de imprensa que o Ministério da Saúde enviou para a comunicação social e sublinha que nunca foi ouvida pela IGAS durante a investigação ao caso.

Deixa ainda críticas ao gabinete da ministra da Saúde, dizendo que a tutela se preocupou mais em questionar a competência da Ordem dos Médicos do que em identificar e corrigir as falhas na resposta ao surto, para evitar que a situação se repetisse noutros lares.

Entende também que se trata de uma manobra e um ataque político para desviar a atenção daquilo que aconteceu em Reguengos de Monsaraz, onde o surto de covid-19 resultou na morte de 18 pessoas.

Investigação à tragédia no lar de Reguengos de Monsaraz aponta responsabilidades aos médicos

As conclusões do inquérito da IGAS, ordenado pelo Ministério da Saúde (MS) no seguimento do surto de covid-19 no Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), em Reguengos de Monsaraz, admitem "responsabilidade deontológica" dos médicos que recusaram visitar a instituição no seguimento de instruções da Ordem dos Médicos e de um sindicato.

As informações foram divulgadas pela tutela na segunda-feira e os documentos referentes ao processo serão remetidos ao Ministério Público da comarca de Évora, onde decorre um inquérito de natureza criminal, assim como ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS).

De acordo com o inquérito, as questões de ilegalidade invocadas pelos médicos dos centros de saúde locais para não fazerem visitas aos utentes do lar decorreram de "instruções recebidas quer da Ordem dos Médicos, quer do SIM (Sindicato Independente dos Médicos), as quais suscitaram nestes um clima de dúvida e preocupação, a partir do dia 02 de julho de 2020".

Surto provocou 18 mortes

O surto em Reguengos de Monsaraz foi detetado em 18 de junho de 2020 e provocou 18 mortes (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade). No total, foram infetadas pelo novo coronavírus 162 pessoas. A maior parte dos casos de infeção aconteceram no lar da FMIVPS, envolvendo 80 utentes e 26 profissionais, mas também 56 pessoas da comunidade foram atingidas.

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