Os dispensadores de álcool gel, desde o início da pandemia, passaram a ser uma presença assídua em espaços públicos, como lojas, escolas, transportes. No entanto, um estudo desenvolvido em França, e publicado na revista JAMA Opthamology, dá conta dos perigos que estes dispensadores podem representar para as crianças, nomeadamente para os olhos.
Muitos dos desinfetantes no mercado têm uma alta percentagem de etanol, como explica a CNN, o que poderá matar as células da córnea. E uma das consequências reportadas nesse estudo foi precisamente as lesões químicas provocadas acidentalmente nos olhos.
Entre 1 de abril e 24 de agosto de 2020 houve sete vezes mais casos de exposição ocular a produtos químicos perigosos entre crianças, em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do French Poison Control Center, avançados pela CNN. No mesmo período foram internadas 16 crianças, todas com menos de quatro anos, num hospital de oftalmologia pediátrica, em Paris, por terem nos olhos desinfetante para as mãos, e os dois casos mais graves obrigaram mesmo a uma cirurgia para transplantar tecido nas córneas.
Os investigadores apontam como razão para o aumento de casos o posicionamento dos dispensadores de desinfetante, que têm geralmente um metro de altura. Embora para a maioria dos adultos seja ao nível da cintura, para as crianças é ao nível dos olhos.
Segundo a CNN, também um estudo idêntico, levado a cabo na Índia, e publicado na mesma revista, detalhou o caso de duas crianças que foram atingidas nos olhos por desinfetante. As crianças de quatro e cinco anos, sofreram graves consequências imediatas, mas ambas recuperaram totalmente após o tratamento. A de quatro anos queixou-se de não suportar olhar para a luz, enquanto a criança de cinco anos apresentava lesões nas pálpebras.
Um conjunto de médicos, tendo por base casos como estes, lançaram um conjunto de recomendações na hora de desinfetar as mãos:
- Promover a lavagem das mãos com água e sabão, em vez de desinfetante;
- Explicar às crianças como usar os dispensadores;
- Locais públicos passarem a ter dispensadores próprios para crianças, de preferência numa altura adequada;
- Colocar sinais de alerta ao lado dos dispensadores.
Uma das responsáveis pelo estudo desenvolvido em França, alerta ainda os pais de que os filhos devem ser examinados rapidamente em caso de contacto de desinfetante com os olhos, de forma a reduzir as consequências a longo prazo de lesões químicas.