Coronavírus

Da França à China, países estão preocupados com baixa taxa de infeção com o coronavírus

Especialistas acreditam que pelo menos 65% da população de um país teria de ter contraído o novo coronavírus para alcançar a chamada imunidade de grupo. Até agora nenhum país alcançou uma taxa de infeção superior a 10%.

Denis Balibouse

Patrícia Bentes

Os estudos recentes levado a cabo em Espanha, França e Inglaterra mostram que apenas uma pequena fração da população desses países foi infetada.

Em Portugal, apenas cerca de 2% da população contraiu o novo coronavírus.

Na França, onde mais de 16 mil pessoas morreram de Covid-19 até agora, de acordo com a NBC News, que cita um estudo liderado pelo Instituto Pasteur, apenas 4,4% da população - ou 2,8 milhões de pessoas - foram infetadas.

Mesmo em regiões mais afetadas pela pandemia, como Paris, a taxa não vai além dos 9-10%.

Números consideravelmente abaixo dos 65% da população, que muitos especialistas acreditam ser necessária para alcançar a chamada "imunidade de grupo" e controlar a pandemia.

"Os nossos resultados mostram que, sem uma vacina, a imunidade de grupo, por si só, não será suficiente para evitar uma segunda vaga no fim do confinamento. Medidas de controlo eficientes devem ser mantidas depois de 11 de maio", defendem os investigadores franceses.

O cenário repete-se em Espanha, onde um estudo sobre os anticorpos, publicado esta quarta-feira, identificou 5% da população infetada, apontando para que não haja imunidade de grupo.

Estes testes serológicos, que Portugal começou agora a fazer também, podem ajudar os governos a avaliar a verdadeira extensão da epidemia em cada país e a identificar todos aqueles que podem ser imunes ou resistentes ao coronavírus.

Na China , as autoridades de saúde estão preocupadas com o aparecimento de novos focos de contágio e também intensificariam os testes na cidade de Wuhan, onde o surto começou no final de 2019.

A porta-voz da Comissão Nacional de Saúde, Song Shuli, disse aos jornalistas que o país tinha de impedir a recuperação da infeção, intensificando os rastreios.

No caso do Reino Unido, as estatísticas nacionais revelam que apenas 148 mil pessoas contraíram a infeção. São 0,27% da população daquele país.

Ainda assim, as autoridades de saúde mostram-se agora confiantes na possível implementação de um teste de anticorpos, que dizem ser "revolucionário" e que pode colocar o país a funcionar novamente.

Um laboratório de Saúde Pública da Inglaterra afirma que o teste de anticorpos, da farmacêutica suiça Roche, tem 100% de especificidade, o que significa que não deteta anticorpos contra doenças semelhantes à Covid-19.

"Isto tem potencial para mudar o jogo", disse Edward Argar, ministro júnior da saúde da Grã-Bretanha. "Agora estamos a mexer-nos o mais rápido possível para discutir a compra com a Roche, mas não posso dar-lhe uma data exata em que poderemos começar a lançá-los".

Embora os testes de anticorpos mostrem quem foi infetado, os cientistas de todo o mundo têm sublinhado o alerta de que ainda não está claro se isso significa uma imunidade permanente.

Na quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde avisou mesmo que a Covid-19 pode nunca desaparecer e pode tornar-se endémica, como o HIV.

"É importante colocar isso em cima da mesa: este vírus pode tornar-se apenas outro vírus endémico nas nossas comunidades e esse vírus nunca desaparece", disse Mike Ryan, especialista em emergências da OMS.

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