Coronavírus

Medicamento eficaz na prevenção de "tempestade inflamatória" provocada pela Covid-19

O estudo francês ainda não foi publicado numa revista científica.

Rafael Marchante

Lusa

O medicamento imunomodelador tocilizumab mostrou eficácia na prevenção da "tempestade inflamatória" nos doentes com covid-19 em estado grave, segundo um estudo francês ainda não publicado e cujos primeiros resultados foram hoje divulgados.

Este tratamento reduziu significativamente a proporção de pacientes transferidos para reanimação ou que morreram, em relação a um tratamento comum, indicou a Assistência Pública do Hospital de Paris (AP-HP).

Trata-se do "primeiro ensaio comparativo por sorteio" que "demonstrou um benefício clínico" deste tratamento em doentes com covid-19 a sofrerem de uma infeção grave, sublinharam os responsáveis durante uma conferência de imprensa telefónica.

Estes resultados devem ser ainda "consolidados" antes de serem publicados numa revista científica, dentro de algumas semanas.

Mas a AP-HP explicou ter decidido torná-los públicos agora "por razões de saúde pública", face ao contexto da crise pandémica, e comunicou-os às autoridades de saúde francesas e à Organização Mundial da Saúde (OMS).

O tocilizumab (Actemra ou RoActemra), do laboratóire Roche, pertence à família dos anticorpos monoclonaux -- criados em laboratório, a partir de uma única cepa de linfócitos e projetados para atingir um alvo específico.

Usados habitualmente no tratamento da artrite reumatóide, funcionam bloqueando o recetor de uma proteína do sistema imunitário que desempenha um papel importante no processo inflamatório.

Certos pacientes atingidos pelo novo coronavírus sofrem um brusco agravamento do seu estado ao fim de vários dias, devido a uma perturbação respiratória aguda, um fenómeno provavelmente ligado a uma reação imunitária excessiva do organismo.

Foram incluídas no estudo 129 pessoas hospitalizadas em 13 hospitais: doentes com covid-19 que sofriam de uma pneumonia de "severidade média a grave" e que precisavam de respiração assistida com oxigénio.

Este perfil corresponde a "apenas a 5% a 10% dos doentes infetados" pelo novo coronavírus, mas fazem parte dos que correm maior risco de se manterem com respiração artificial ou de morrerem, sublinhou Xavier Marriette, co-investigador cordenador do estudo, durante a conferência telefónica.

Metade dos participantes recebeu uma ou duas injeções de tocilizumab além do tratamento padrão (oxigénio, antibióticos e anticoagulantes), enquanto a outra metade recebeu unicamente os remédios comuns.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 206.000 mortos e infetou quase três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Perto de 810.000 doentes foram considerados curados.

Mais de 200 mil mortos e 3 milhões de infetados pelo novo coronavírus em todo mundo

A pandemia de covid-19 já matou 206.567 mil pessoas e infetou 2.961.540 em 193 países desde que surgiu em dezembro na China, segundo um balanço da AFP às 11:00, a partir de dados oficiais.

Pelo menos 809.400 foram consideradas curadas pelas autoridades de saúde.

Os Estados Unidos, que registaram a primeira morte ligada ao coronavírus no final de fevereiro, lideram em número de mortos e casos, com 54.877 e 965.933, respetivamente. Pelo menos 107.045 pessoas foram declaradas curadas pelas autoridades de saúde.

Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são Itália, com 27 mil mortos para 199.414 casos, Espanha com 23.521 óbitos (209.465 casos), França com 22.856 mortos (162.100 casos) e Reino Unido com 21.092 óbitos (152.840 casos).

A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia começou em dezembro, contabilizou 82.830 casos (três novos entre domingo e hoje), incluindo 4.633 mortos (uma nova) e 77.474 curados.

Até às 11:00 de hoje, foram registados na Europa 124.759 mortos para 1.379.443 casos, nos Estados Unidos e Canadá 57.513 mortos (1.012.573 casos), na América Latina e Caraíbas 8.292 mortos (169.174 casos), na Ásia 8.077 mortos (204.217 casos), no Médio Oriente 6.392 mortos (156.097 casos), em África 1.425 mortos (32.015 casos) e na Oceânia 109 mortos (8.023 casos).

Mais 25 mortes e 163 casos de Covid-19 em Portugal

A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou esta segunda-feira a existência de 928 mortes e 24.027 casos de Covid-19 em Portugal.

O número de óbitos subiu, de ontem para hoje, de 903 para 928, mais 25, enquanto o número de infetados aumentou de 23.864 para 24.027, mais 163, o que representa um aumento de 0,68%.

O número de casos recuperados subiu de 1.329 para 1.357.

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