A Assembleia Geral das Nações Unidas tenta, esta sexta-feira, dar um passo para o reconhecimento do Estado palestiniano. Vai ser votada uma declaração que visa revitalizar a solução dos dois Estados. Se for aprovada, servirá de base à cimeira onde França e vários países prometeram reconhecer o Estado da Palestina.
No mesmo local onde assinou um acordo para avançar com a expansão israelita na Cisjordânia ocupada, Benjamin Netanyahu foi inequívoco. “Dissemos que não haveria um Estado palestiniano e repetimos que não haverá um Estado palestiniano”, afirmou o primeiro-ministro de Israel.
“Este lugar é nosso”, frisou.
Uma declaração que esbarra com os esforços internacionais para pôr fim à guerra em Gaza e que assentam na solução de dois Estados.
Numa altura em que vários países se preparam para reconhecer o Estado palestiniano, Netanyahu mostra-se cada vez mais desafiador. A nível interno, esmagou as críticas da própria liderança militar e prosseguiu com a expansão militar no enclave.
Ataque ao Qatar isolou mais Israel
Milhares de palestinianos, exaustos e famintos, são forçados a sair da Cidade de Gaza, apontada por Israel como o bastião remanescente do Hamas. O cerco, a fome instrumentalizada e os bombardeamentos cegos ditaram o crescente isolamento do governo israelita, que se intensificou com o ataque unilateral ao Qatar.
Esta quinta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou o bombardeamento a Doha. Os 15 Estados-membros abstiveram-se, no entanto, de mencionar diretamente Israel como o agressor. No entender dos governos vizinhos, sobretudo o do Qatar, o ataque que eliminou membros do Hamas em Doha matou qualquer esperança para os reféns em Gaza.
Esta sexta-feira, vai a votos a declaração de Nova Iorque, que pretende pressionar Israel a um cessar-fogo. Assenta na formulação de dois Estados, mas condena diretamente o Hamas pelos ataques de 7 de outubro e exclui o movimento de uma intervenção no Estado palestiniano que vários países pretendem ver reconhecido.