Caso Maddie

Caso Maddie: "Até atingirmos o prazo de prescrição é fundamental que tudo se faça"

O que procuram ao certo as autoridades na barragem do Arade? O que poderá ser possível encontrar? A análise de Duarte Nuno Vieira, professor catedrático e especialista em Medicina Forense.

SIC Notícias

Duarte Nuno Vieira, professor catedrático e especialista em Medicina Forense, explica as razões que podem ter levado à reabertura das investigações no âmbito do caso do desaparecimento de Madeleine McCann, que remonta ao ano de 2007.

As buscas, levadas a cabo pelas autoridades alemãs em conjunto com a Polícia Judiciária, decorrem numa albufeira a cerca de 50 quilómetros da Praia da Luz, no local frequentado pelo principal suspeito do caso, Christian Bruecker, até 2017.

Duarte Nuno Vieira afirma que não é domínio público o que "é que está a ser procurado", mas assume que é presumível que estejam a ser procurados restos mortais, isto porque as autoridade têm utilizado georadares, que permitem penetrar nos solos e permitem "avaliar as estruturas de subsolo", explica.

"Obviamente que não é uma tarefa fácil a área geográfica parece ser particularmente abrangente, mas muito provavelmente as autoridade terão alguma indicação quanto ao local mais específico onde o corpo possa ser encontrado", diz o especialista.

Refere que também não se sabe se as buscas foram retomadas na sequência de declarações de Bruecker, o principal suspeito do rapto de Madeleine McCann, ou na sequência de outros vestígios que tenham sido detetados.

As perícias médico-legais

Se for possível recuperar os vestígios mortais de Madeleine, posteriormente será "dado andamento às perícias médico-legais", que permitirão depois apurar se os restos mortais realmente pertencem à criança desaparecida em 2007. Se Maddie tiver sofrido maus-tratos antes da morte, as diligências técnicas conseguirão apurá-lo, bem como as circunstâncias em que a mesma ocorreu.

"Até agora, 16 anos depois e até mais tarde, será possível, a partir do estudo dessa lesões traumáticas que eventualmente tenham ficado nos ossos perceber um bocadinho dos circunstancialismos que envolveram aquela criança depois de ter sido raptada e até eventualmente os circunstancialismos que envolveram a morte", constata.

"Contaminações serão sempre uma inevitabilidade"

Esclarece que só após serem encontrados vestígios é que passa a ser possível perceber "quais são os passos seguintes". Nota, contudo, que após 16 anos depois as "contaminações serão sempre uma inevitabilidade", mas que as mesmas "não comprometem por inteiro o sucesso desta investigação".

Para Duarte Nuno Vieira é justificável que se reabram as investigações sempre que surgem novas pistas "válidas, credíveis e fortes que orientam a investigação e que criam novas vias de investigação e novas possibilidades". Nota, no entanto, que "não faz parte da rotina pericial", nem é habitual reabrir casos semelhantes após tantos anos.

"Até atingirmos o prazo de prescrição é fundamental que tudo se faça até para que os cidadão fiquem com a consciência de que a justiça lutará até ao fim para alcançar a verdade", declara o especialista.

Se realmente forem encontrados restos mortais, a medicina legal e outros especialistas forenses entram em ação de forma a que sejam determinados os dados que podem identificar Maddie McCann.

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