O Presidente Marcelo garante que tem “acompanhado atentamente” o que se passa na comissão parlamentar de inquérito à TAP, mas, neste momento, recusa fazer qualquer comentário. Para já, o chefe de Estado "mantém o que disse há 15 dias” e não acrescenta "nem um milímetro" à declaração que fez ao país.
À saída do Palácio de Belém, em declarações aos jornalistas, Marcelo explicou que “depois do que disse há duas semanas, não fiz nenhuma declaração sobre a matéria”, que "acompanho atentamente, como todos os portugueses”.
"E, quando for, e se for, necessário, faço uma declaração, mas não neste momento. Os portugueses sabem que estou a acompanhar o que se passa atentamente, estou a acompanhar a situação, e neste momento não tenho nada a dizer", afirmou.
Apesar da insistência dos jornalistas, Marcelo concluiu: “Quando entender que me devo pronunciar, fá-lo-ei”.
Questionado sobre a notícia do semanário Expresso - “Marcelo avalia dimensão do ‘pântano’” -, o chefe de Estado também recusou comentar. Mas paira ou não a ideia de que o futuro do Governo ligado ao de João Galamba?
"Não há ideias que passem em Belém que não sejam as que passam pela minha cabeça, e só eu falo pela Presidência da República. Portanto, não há porta-vozes. O único porta-voz da Presidência da República sou eu. A minha ideia é exatamente aquela que disse há quinze dias", acrescentou.
Segundo o Expresso, que cita fonte próxima do chefe de Estado, "a falta de alternativa política ao Governo deixou de ser prioridade nos cálculos do Presidente da República" para uma eventual dissolução do parlamento, e o "prestígio das instituições ganha primazia".
O que disse João Galamba?
Numa audição parlamentar de mais sete horas na comissão de inquérito à gestão política da TAP, que começou na quinta-feira e terminou já de madrugada, o ministro das Infraestruturas disse que quem lhe disse a 26 de abril para contactar os serviços de informações foi o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes.
Aos deputados, Galamba disse ainda que foi já perto da uma da manhã do dia 27 de abril que reportou ao primeiro-ministro, António Costa, os acontecimentos no Ministério e que lhe contou "que tinha sido ligado ao SIS", chamada que aconteceu horas depois de uma primeira tentativa de contacto em que o chefe do Executivo não atendeu.
O ministro confirmou a versão transmitida na véspera pela sua chefe de gabinete - que terá sido Eugénia Correia a reportar ao SIRP (Sistema de Informações da República Portuguesa) e depois contactada pelo SIS -, mas garantiu que não lhe transmitiu qualquer instrução para ligar às 'secretas'.
"O meu telefonema com António Mendonça Mendes termina depois do telefonema de Eugénia Correia com o SIRP", afirmou.
Os incidentes de 26 de abril estão relacionados com Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro, e envolvem denúncias contra o ex-adjunto por violência física no Ministério das Infraestruturas e o alegado furto de um computador portátil, já depois de ter sido demitido, caso que está a ser investigado pelo Ministério Público.
[Notícia atualizada às 16:13]