AS CRÍTICAS A BOLSONARO
Depois de Jair Bolsonaro ter chamado pirralha a Greta Thunberg, várias pessoas vestiram camisolas com a palavra usada pelo Presidente do Brasil, na Cimeira do Clima em Madrid.
Uma delas foi a ex-ministra do Ambiente brasileira, Marina Silva, que falou com a SIC e explicou o porquê de considerar que esta cimeira tem muito poucos resultados.
A POSIÇÃO DOS EUA
A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris é um dos motivos que prejudicam os compromissos que deveriam ser ampliados para metas mais ambiciosas. Também a posição do atual Presidente do Brasil é uma das críticas que Marina Silva deixa. Diz que antes, o país procurava "ajudar a conseguir avanços e agora trabalha na direção dos retrocessos".
Outra das questões apontadas pela ex-ministra do Ambiente brasileira é o processo do Brexit. Marina Silva diz que a saída do Reino Unido retirou força à União Europeia, que antes conseguia alavancar outros países a assumir compromissos.
OS EFEITOS DO POPULISMO E A AUSÊNCIA DE UMA META
O populismo foi outro dos alvos da ambientalista. Marina Silva considera que o fenómeno faz os países virarem-se para as políticas internas e desconsiderarem as ambientais.
Além disso, aponta a falta de um objetivo definido como um grande entrave ao sucesso. Ao contrário do encontro de Paris, em que havia o Acordo para ser assinado - o que aumentava a pressão sobre os líderes - esta cimeira não tem apenas um objetivo específico, mas vários e mais vagos, com uns mais importantes do que outros. Marina Silva fala mesmo em "responsabilidade difusa" e numa COP que "frustra a opinião pública" pela falta de resultados palpáveis.
AS CRIANÇAS À FRENTE DOS ADULTOS
Contudo, o que chamou à atenção na comitiva que a ambientalista e historiadora acompanhava foram as camisolas com mensagens com a palavra "pirralha", numa alusão à polémica que envolveu Jair Bolsonaro e a ativista sueca Greta Thunberg.
Marina é clara nas críticas: fala em deselegância, arrogância e autoritarismo contra uma "adolescente que faz o que muitos adultos não estão a fazer".
A ex-ministra do Meio Ambiente de Lula da Silva admite admiração pelo movimento de adolescentes e jovens que está a alertar o mundo para o perigo das alterações climáticas e usa uma comparação clara: "é como se as crianças estivessem a dizer: é a primeira vez que em vez de vocês se colocarem à frente do perigo para nos defender, somos nós que nos colocamos à frente do perigo para vos proteger de vocês mesmos".