Alterações Climáticas

"A nossa casa está a arder"

Por todo o mundo, milhares de pessoas saíram às ruas em dia de greve climática.

NICOLA MARFISI

Milhares de pessoas saíram esta sexta-feira às ruas, de todo o mundo, em manifestações no âmbito da greve climática global. Protestam contra as políticas dos líderes mundiais e exigem um plano B, num futuro que dizem mostrar-se incerto.

Jovens desfilam em Lisboa como "plano B" em luta pela defesa do planeta

Milhares de pessoas concentraram-se esta sexta-feira no Cais do Sodré, em Lisboa, num protesto em defesa do planeta, assumindo-se como sendo o "plano b" para resolver os problemas do mundo e acusando os decisores políticos terem falhado.

Lisboa é uma das 30 localidades portuguesas onde esta sexta-feira se está a realizar mais uma manifestação no âmbito da greve climática global que está a acontecer em mais de 170 países.

Marcada paras 15:00, a concentração no largo lisboeta do Cais do Sodré conta com milhares de pessoas de todas e idades e variadas nacionalidades, que protestam contra as "políticas falhadas" dos decisores políticos, explicou à agência Lusa Sinan Eden, um dos responsáveis pela organização do evento.

"Nós somos o plano B", declarou à Lusa, durante a manifestação cujo slogan mais proclamado é "não há planeta B".

Os jovens continuam a ser a maioria no protesto em Lisboa, que arrancou cerca das 15:30 e que tem como destino final a praça do Rossio, num cortejo que junta jovens de várias idades, idosos, várias famílias, grupos de amigos, pais e filhos.

Em plena campanha eleitoral para as eleições legislativas de 06 de outubro, são também vários os candidatos que marcam presença no protesto.

De Viana do Castelo a Lagos: a greve mundial do clima

Milhares na rua em greve na Itália e na Holanda

Milhares de pessoas concentraram-se em várias cidades de Itália e Holanda aderindo à greve climática convocada pelo movimento "Sextas-feiras pelo Futuro".

Em Itália, os números da organização apontam para 200 mil pessoas em Milão e outras 200.000 em Roma, fora as outras 180 cidades em que o ramo italiano do movimento "Sextas pelo Futuro" convocou manifestações e outras iniciativas de adesão à greve.

Na cidade de Milão, um cortejo colorido e sereno ligou num percurso de cerca de dois quilómetros duas praças da cidade, com cartazes em que se lia "o clima muda, a política não" ou "é inútil conquistar a Lua para depois perder a Terra".

O ministro da Educação italiano, Lorenzo Fioramonti, enviou às escolas uma circular apelando aos professores para não marcarem falta aos alunos que se juntassem à greve climática.

Palermo, Florença, Veneza, Nápoles e Cagliari foram outras cidades onde se registaram concentrações.

Em Haia, na Holanda, milhares de pessoas saíram à rua para pedir responsabilização dos políticos mas também de todos os cidadãos, para quem deve importar "levar vidas sustentáveis e fazer mudanças nesse sentido", como disse à Associated Press a estudante universitária Beth Meadows.

ONU aplaude participação dos mais novos na greve

O Comité das Nações Unidas para os Direitos das Crianças saudou esta sexta-feira a participação de crianças de todo o mundo nas manifestações de luta contra as alterações climáticas, apoiando que "as suas vozes sejam ouvidas e levadas em conta".

Aquele organismo da Organização das Nações Unidas afirmou-se "inspirado pelos milhões de crianças e adolescentes que se manifestaram pela mudança climática", reconhecendo que os mais novos "já estão a ser afetados pela contaminação, as secas, os desastres naturais e a degradação do ecossistema".

O presidente do comité, Luis Pedernera, considerou bem-vinda "a ativa e significativa participação das crianças, como defensores dos direitos humanos, em assuntos que os preocupem, como qualquer outra pessoa".

Em comunicado, o comité recorda que a convenção sobre os direitos das crianças, que celebra este ano o seu trigésimo aniversário, reconhece aos menores de idade o direito à liberdade de expressão e considera inaceitável qualquer ameaça ou abuso pelo exercício dessa liberdade.

A ativista adolescente sueca Greta Thunberg, que iniciou no ano passado as greves às aulas pelo clima, que atingiram proporções globais, é frequentemente alvo de críticas, como aconteceu com o Presidente norte-americano, Donald Trump.

Depois de um apelo emotivo e angustiado de Greta Thunberg perante líderes mundiais na Cimeira da Ação Climática, em que a jovem de 16 anos acusou a geração no poder de lhe ter tirado o futuro, Trump respondeu ironicamente que Greta Thunberg parecia "uma criança muito feliz, entusiasmada por um futuro brilhante e maravilhoso".

Alterações climáticas podem afetar vida de 680 milhões de pessoas

O impacto das alterações climáticas no oceano e nas regiões geladas da Terra pode vir a afetar a vida de centenas de milhões de pessoas.

O alerta consta do Relatório Especial do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, que foi apresentado esta semana no Mónaco. A SIC falou com alguns cientistas, autores do documento, que explicam o que está a acontecer e que alertam para a urgência de agir para conter os estragos.

Com Lusa

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