Além Fronteiras

Renato Paiva assume que fica "um bocadinho triste ao olhar para a realidade do futebol português"

Renato Paiva, 54 anos, já passou pela formação do Benfica, pelos equatorianos do Independiente del Valle, pelos mexicanos do Club León, pelos brasileiros do Bahia, novamente pelo México com o Toluca e, mais recentemente, de novo pelo Brasil para ocupar o lugar deixado pelo compatriota Artur Jorge no Botafogo. Com o claro desejo de regressar a Portugal um dia, o técnico explica o que fez abraçar projetos do outro lado do Atlântico, onde teve "um problema" com Martín Anselmi, atual treinador do FC Porto.

Nuno Luz

Gabriel Pato

SIC Notícias

Da formação das 'águias', de onde saiu em 2021, para um dos maiores clubes do Brasil e atual detentor da Libertadores, Renato Paiva vai colecionando sucessos no continente americano. Mais recentemente, um telefonema mudou a sua vida, detalha em conversa com Nuno Luz no Além Fronteiras.

O técnico de 54 anos conta que gostou muito do que viu quando chegou à reunião com John Textor, detentor do grupo que controla o “Fogão”, e que lhe ligou de forma inesperada, porque o clube havia preparado uma ficha com os seus “pontos fortes e fracos”, bem como uma análise às sua últimas equipas.

Mas embarcar numa aventura numa equipa que, na última época, teve bastante sucesso com Artur Jorge “pode assustar pela questão da fasquia” estar bastante elevada, ainda assim assume preferir ter a pressão de “ganhar todos os dias” e “lutar por títulos”.

Desde que assumiu o comando técnico do clube do Rio de Janeiro garante não ter “tempo para nada”. “Olho para o meu telemóvel e tenho 250 mensagens por responder”, revela, mas acrescenta que nenhuma é do seu antecessor.

Primeiro passo: Equador

No entanto, antes de tudo isto, o técnico que deu os primeiros passos na formação do Benfica teve a sua primeira aventura no estrangeiro à boleia dos equatorianos do Independiente del Valle, mas porquê esta escolha? O próprio explica:

“Foi aquele que senti que era o melhor passo, o seguinte passo que eu deveria dar na minha carreira. Era um bom início numa exigência não alta, com muito boa estrutura de futebol de formação - e foi por isso que também me foram buscar – e era um bocadinho um seguimento do que se fazia no Benfica.”

Do Equador seguiu-se o México, onde ingressou no Club León, emblema de um campeonato onde “há muito dinheiro” e com outras condições.

Apesar do seu sucesso e de jogadores portugueses como Paulinho, que atua pelo Toluca, o treinador acredita que na Europa “olha-se muito para estas realidades com desconfiança”, referindo-se às ligas periféricas, como a mexicana ou equatoriana, algo que considera errado.

"Tive um problema com o Anselmi"

Do México chegou Martín Anselmi, o novo treinador do FC Porto. Renato Paiva revela, sem entrar em pormenores, um episódio menos positivo que viveu com o argentino:

“Eu tive um problema com o Anselmi no Independiente del Valle.”

Quanto a objetivos futuros aponta que deseja passar pelo campeonato português.

“Fico um bocadinho triste olhando hoje para a realidade do futebol português porque há coisas que deviam mudar e não mudam. Vamos a meio do campeonato e só quatro treinadores mantêm o seu lugar. Acho que se despede com muita facilidade”, critica.

Do Equador recorda também uma das histórias mais surreais que viveu na carreira e que envolveu a polícia local:

“Um dia fui para Quito e Quito tem, por causa da poluição, dias de matrícula ímpar e dias de matrícula par. Eu não sabia e agarrei no carro com uma pessoa do Equador com uma placa ímpar em dia par, então a polícia parou-me [..] e disse-me ‘vamos ter de o multar e de levar o carro’ [...] e a pessoa que estava ao meu lado disse ‘tens de dar dinheiro, suborna, fica mais barato.’”

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