Abusos na Igreja Católica

Alguns casos de abusos que escuteiros reportaram à Comissão ainda não prescreveram

O Corpo Nacional de Escuteiros colaborou com a Comissão Independente, a quem comunicou um total de 19 casos de abusos de menores no âmbito dos escuteiros.

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SIC Notícias

Dos 19 casos de abusos sexuais que o Corpo Nacional de Escutas (CNE) reportou à Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, nem todos prescreveram. A informação é avançada pela rádio TSF que falou com o chefe do CNE, Ivo Faria, uma organização que pertence à Igreja Católica e da qual fazem parte mais de 50 mil crianças e jovens menores.

Desde 2019 que o CNE lançou uma linha de telefone e um endereço de email para denúncias, O chefe Ivo Faria conta que o relatório de 2022 ainda não está fechado mas contabiliza já “sete situações, das quais cinco enquadramos dentro desta temática” de abusos sexuais.

“No ano anterior [2021], se calhar motivado por questões da pandemia que diminui bastante a atividade presencial, não tivemos nenhum reporte. [E] no ano anterior [2019] tínhamos tido nove reportes dos quais seis consideramos enquadrados”, revelou à TSF.

À Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, o CNE comunicou um total de 19 casos de abusos de menores no âmbito dos escuteiros, mas à Comissão chegaram relatos de mais sete.

“Reparámos no relatório que dos nossos 19 casos apenas quatro coincidiram com aqueles que a Comissão recolheu pelos seus próprios meios e também vimos que a Comissão recolheu sete de que nós não tínhamos conhecimento, uma parte importante deles já bastante antigos, mas também há lá dois ou três casos que são contemporâneos de outros que nós conhecíamos”, diz Ivo Faria.

Além de uma rede nacional de psicólogos que é ativada quando lhes chega uma denúncia, o chefe dos escuteiros destaca ainda que desde 2016 implementaram uma espécie de manual de boas práticas que não permite, por exemplo, que “um adulto partilhe tendas com crianças e com jovens”, e que estabelece que “os contactos físicos serem cingidos aquilo que é o comum da nossa urbanidade quando nos cumprimentamos”.

É, aliás, esse manual de boas práticas que o CNE está disponível para “partilhar” com a organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) para “melhorar também a segurança dos participantes”.

“Tolerância zero”

Numa primeira reação às conclusões do relatório da Comissão Independente, reveladas no início desta semana, o Corpo Nacional de Escutas declarou, em comunicado partilhado nas redes sociais, já destacava que “a maioria dos casos foi por si reportada”.

O CNE manifestava ainda “total solidariedade com as vítimas e as suas famílias”, vincando a adoção de uma “política de tolerância zero para com todas as formas de abuso”.

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