O padre José Luís Borga considera que a Igreja tem agora de saber retirar ilações para “enfrentar um problema muito sério que a tem dentro de si, que é a questão do poder”.
"A Igreja que nasceu para ser serviço, está-se a descobrir como usando um poder que devia ser serviço para se servir."
Recorda que a Santa Sé foi a primeira instituição a reconhecer os abusos e “fez o que devia ter feito”. Mas, neste momento, “está-se a ver coisas que ou os bispos ou não sabiam ou se sabiam não tinham noção desta dimensão”.
Terá havido no "mínimo" 4.815 vítimas de abusos sexuais na Igreja
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica divulgou esta segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, as conclusões do trabalho realizado ao longo de 2022 e que resultou na recolha de centenas de testemunhos de vítimas.
No primeiro relatório do género divulgado em Portugal, admite-se que terá havido “no mínimo” 4.415 vítimas de abusos sexuais na Igreja.
A comissão independente recebeu mais de 600 queixas e 96% dos abusadores são do sexo masculino. As queixas são provenientes em especial de território nacional, em especial de cinco distritos: Lisboa, Porto, Braga, Santarém e Leiria.
A maioria dos abusos aconteceu em seminários e colégios e a idade média das vítimas é 52 anos, a maioria são do sexo masculino.
Pedro Strecht, que preside à comissão independente, referiu que 48% das vítimas que falaram à comissão sobre os abusos de que foram vítimas, fizeram-na pela primeira vez.