Economia

IRS: ajustes nos próximos dois meses "não são subsídios, é apenas o acerto de conta"

As novas tabelas de retenção na fonte do IRS vão refletir-se nos salários dos próximos dois meses, com retroativos a janeiro, permitindo um aumento temporário do rendimento disponível de mais de dois milhões de portugueses. Contudo, o fiscalista Luís Leon alerta: "Muitas vezes as pessoas têm a ideia que são subsídios, não são subsídios, é apenas e só o acerto de contas entre o que eu já paguei e o que eu tenho que pagar".

SIC Notícias

As novas tabelas do IRS foram publicadas esta terça-feira. Os portugueses podem vir a ter mais dinheiro disponível nos próximos dois meses, mas os salários e pensões voltam depois ao normal, mas com taxas mais baixas. O fiscalista Luís Leon explica as recentes alterações, em entrevista na SIC Notícias.

"Tivemos duas alterações num espaço de pouco mais de uma semana. Primeira alteração que é aquela que conta, que foi a da semana passada. O IRS desceu marginalmente, pouco mas desceu (...) Esse é o imposto anual, esse é o imposto que conta. Quando entregamos a declaração de IRS é calculado o imposto, aquela parte total, não os reembolsos, o imposto mesmo anual", começa por explicar.
"O que é que surgiu esta semana? Há um ajuste naquilo que nós adiantamos ao Estado para ir pagando aquilo que é o IRS anual. E é esse ajuste que foi feito agora, reduzindo-se as retenções na fonte a partir de outubro, para ajustar às novas tabelas e às novas taxas de IRS. Ao mesmo tempo, o Governo faz o quê? A segunda temporada da série que criou no ano passado, que é um reembolso extraordinário", sublinha o especialista.

Luís Leon alerta para o seguinte: "Muitas vezes as pessoas têm a ideia que são subsídios, não são subsídios, é apenas e só o acerto de contas entre o que eu já paguei e o que eu tenho que pagar".

O fiscalista esclarece que o Governo vai fazer o acerto nos próximos vencimentos e que os portugueses vão ter mais dinheiro disponível em agosto e setembro. Contudo, em outubro, a situação volta ao normal.

Quanto às contas das novas tabelas de retenção, Luís Leon dá alguns exemplos práticos, como é o caso de um casal, dois titulares, dois filhos:

"Aqui o que verificamos é que como são dois titulares, e portanto são duas pessoas que trabalham, cada um tem uma poupança de 1€ e por isso o casal tem uma poupança de 2€, vão ter um reembolso ligeiramente menor (...) vão receber depois 16€ em agosto e depois mais 16€ em setembro cada um deles".

Luís Leon renova ainda um apelo aos contribuintes para que coloque o número de contribuinte nas despesas da farmácia, supermercado, escolas, etc.

"O sistema de deduções neste momento funciona de forma quase automática com o e-fatura. Se não colocarem o seu número fiscal nas faturas, as despesas não vão contar e com este sistema que já foi introduzido pelo PS de retenções na fonte mais próximas das taxas finais e com esta novidade de reembolsos no verão introduzido o ano passado pelo Governo da AD, é ainda mais importante colocarem o número de fiscal nas despesas todas para que, quando entreguem a declaração para o ano que vem, tenham de facto o máximo possível das despesas que a lei permite", sublinha o especialista.

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