Economia

Antes de começar Fórum do BCE, Lagarde chamou jornalistas e 'abriu a porta' a mais choques inflacionários

A tradição dita que o fórum do BCE comece com um jantar privado, no primeiro dia do encontro. Apenas no segundo é que começam as discussões de política monetária, mas desta vez Christine Lagarde decidiu, e ainda antes do arranque, marcar uma conferência de imprensa inédita para falar sobre o futuro da inflação.

João Tomás

Catarina Coutinho

Rui do Ó

Luís Bernardino

Margarida Bento Campos

SIC Notícias

Arranja esta segunda-feira o fórum do Banco Central Europeu, em Sintra. Mário Centeno recebe, talvez pela última vez, dezenas de governadores da zona euro, a Presidente do BCE e ainda o Presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos. Ainda antes de começar o fórum, Christine Lagarde chamou os jornalistas para uma conferência de imprensa inédita e abriu a porta a mais choques inflacionários.

A tradição dita que o fórum do BCE comece com um jantar privado, no primeiro dia do encontro.

Apenas no segundo é que começam as discussões de política monetária, mas desta vez Christine Lagarde decidiu, e ainda antes do arranque, marcar uma conferência de imprensa inédita para falar sobre o futuro da inflação.

"O mundo mudou significativamente nos últimos anos. A geopolítica, a digitalização, a utilização crescente de inteligência artificial, a demografia, a ameaça à sustentabilidade ambiental e mudanças no sistema financeiro internacional. Estas mudanças estruturais sugerem que o ambiente em que operamos continuará a ser altamente incerto e potencialmente mais volátil."

Se numa primeira fase a inflação era temporária, Christine Lagarde assinala agora riscos que a podem tornar permanente e coloca no futuro a hipótese de mais choques inflacionários. Uma "montanha-russa" que diz estar preparada para combater.

"Passámos por essa montanha-russa de uma taxa de inflação muito baixa, depois uma taxa de inflação muito alta e agora conseguimos controlar a inflação e voltar àquele que era o nosso objetivo. Penso que a vantagem desta estratégia é ser uma estratégia para todas as circunstâncias. Também estamos preparados para aquilo que temos visto, que é uma inflação muito mais elevada ."

Não quer a inflação nem muito alta nem muito baixa. Admite usar instrumentos, como as taxas de juro ou até comprar divida dos países e das empresas na zona euro, tal como aconteceu na pandemia.

A atuação do BCE irá depender dos riscos e da incerteza mundial. Riscos como as tarifas dos Estados Unidos e o aumento do endividamento dos países europeus para investirem em defesa.

Em Sintra, também vai passar o presidente da Reserva Federal norte-americana e poderá ser a última vez que vem a Portugal nessa qualidade. O mandato de Powell termina em maio de 2026e a rota de colisão entre Donald Trump e o chefe do Banco Central dos Estados Unidos é cada vez mais notória.

Para além de Powell, este ano também poderá ser o último de Mário Centeno enquanto governador do Banco de Portugal. O mandato acaba já em julho e tudo indica que não será reconduzido. Álvaro Santos Pereira, Vítor Gaspar e Ricardo Reis são apontados como possíveis sucessores. Os três deverão participar no Fórum do Banco Central Europeu.

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