O desemprego, em Portugal, está a descer há quatro meses consecutivos. Ainda assim, em maio, estavam inscritas nos centros de emprego mais de 310 mil pessoas, um número que continua superior ao registado no ano passado. João Duque diz que "o desemprego afeta os portugueses" mas, ainda assim, não "como já afetou anteriormente".
O comentador SIC realça a diferença do número de desempregados com menos de 25 anos e os que estão entre os 25 e os 54 anos.
"Quando comparamos os dados, vemos a diferença" porque 20% dos desempregados são jovens "com menos de 25 anos, e 5,6% são aqueles que estão entre os 25 e 54 anos".
Sustenta também que os dados "são mais desfavoráveis para os jovens com menos de 25 anos e, portanto, a evolução que tivemos desde os períodos da Troika, em que as taxas de desemprego era muitíssimo superiores, é muito desequilibrada".
João Duque chama ainda a atenção para a questão do grau do ensino das pessoas que estão em situação de desemprego e explica que, neste momento, a taxa de desemprego daqueles que têm ensino superior "é quase metade" face àqueles que não apresentam esse grau de escolaridade.
"Este padrão" deve-se ao facto de que "quem tem ensino superior, tipicamente tem mais qualificações e isso aumenta a sua procura no mercado de trabalho."
"Economia portuguesa não está a absorver" as pessoas com mais qualificações
O comentador da SIC refere que "quase metade" das pessoas que têm o ensino superior sai do país, o que mostra "um padrão de emigração muitíssimo diferente" de há 10 anos.
"Há 10 anos atrás, mais de metade daqueles que saíram de Portugal em 2014 tinham o ensino básico, mas isto inverteu-se muito significativamente. Portanto, quem tem o ensino superior tem uma ferramenta que lhe permite ganhar mais facilmente emprego em Portugal ou no mercado externo."
O comentador SIC explica que isto "é um sinal desagradável" para Portugal "porque quer dizer que a economia portuguesa não está a absorver" as pessoas com mais qualificações.
"E este é um problema para nós porque quem sai, em maioria, são jovens na classe dos 20 aos 29 anos, portanto, estamos numa fase que mostra que são os jovens, os tais licenciados" que saem. Estes jovens licenciados "levam duas coisas para fora de Portugal, levam o conhecimento que foi adquirido cá e levam a capacidade de juventude de procriar".
João Duque afirma que esta capacidade de "procriar" é um problema que "está associado à nossa demografia", uma vez que, estes jovens não vão contribuir para a natalidade do país.
"Em Portugal nós temos um reequilíbrio demográfico por via daqueles que emigram para Portugal, mas que tipicamente não têm o mesmo padrão, podem ter em termos de idade, mas não têm o mesmo padrão em termos de conhecimento", conclui.