Mais de 30 empresas do setor dos média, de 17 países, incluindo o Expresso, interpuseram uma ação contra a Google, por “comportamento anticoncorrencial” na chamada “ad tech” (tecnologia de anúncios, em tradução livre) – ou seja, as várias tecnologias utilizadas para a publicidade online e sua seleção em cada site, um mercado dominado pela empresa norte-americana .
A queixa, do qual o grupo deu conta em comunicado, foi feita num tribunal de Amesterdão, nos Países Baixos, e o pedido de indemnização é de 2,1 mil milhões de euros. De acordo com o texto, as empresas de média decidiram “consolidar os pedidos de indemnização contra uma das maiores empresas a nível global, que durante muitos anos tirou partido da sua posição dominante no mercado”.
No comunicado, o grupo refere os precedentes que justificam este processo: em França, em 2021, a autoridade da concorrência multou a Google devido à sua posição dominante, por favorecer as suas próprias ferramentas face à dos concorrentes; em 2023, a Comissão Europeia declarou ter várias objeções em relação à postura da empresa; por último, é referido que nos EUA vários procuradores-gerais e o Departamento de Justiça lançaram também processos.
Numa primeira reação, através do diretor jurídico Oliver Bethell, a Google garante trabalhar “de forma construtiva, com editores em toda a Europa": "as nossas ferramentas de publicidade e as dos nossos vários concorrentes ‘ad tech’ ajudam milhões de websites e aplicações a financiar o seu conteúdo e permitem que empresas de todas as dimensões alcancem eficazmente novos clientes. Estes serviços adaptam-se e evoluem em parceria com estes mesmos editores. Este processo é especulativo e oportunista. Iremos opor-nos vigorosamente e com base nos factos”.
A posição dominante da Google provocou, de acordo com os queixosos, perdas financeiras devido a um “mercado menos competitivo”, em que deveriam ter recebido mais receitas e ter tido menos despesas com serviços de “ad tech”. “Já se perdeu demasiado tempo para chegar ao centro das irregularidades na ‘ad tech’ por parte da Google, que são agora claras. É tempo da Google ser responsabilizada pelos seus abusos e compensar as vítimas, o sector plural e vital dos média na Europa", declara Damien Geradin, sócio-fundador da sociedade de advogados Geradin Partners, que apresentou a queixa juntamente com outra sociedade, a Stek.
De acordo com estes média, a Google domina toda a cadeia económica da publicidade online. “Se compararmos os leilões de anúncios com uma bola de valores, é como se a Google representasse vendedores e compradores, para além de serem donos da própria bolsa, criando assim um conflito de interesses”, pode ler-se também no comunicado.
Entre os participantes neste grupo, além da Impresa, estão os alemães da Axel Springer (donos do “Die Welt”, “Bild”, “Politico” ou “Business Insider”), os espanhóis da Godó e da Prensa Ibérica e o grupo suíço Ringier, que ainda recentemente passou a controlar o jornal desportivo “A Bola”.
[Notícia atualizada às 23:33]