O número de desempregados inscritos nos centros de emprego está a aumentar há quatro meses. Em outubro, eram mais de 303 mil em todo o país. É uma subida de quase 5% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Cerca de 40 mil têm o Ensino Superior. O economista João Cerejeira diz que, ainda assim, as taxas de desemprego são sempre superiores para quem tem qualificações mais baixas e sublinha que "há algumas áreas formação que têm uma maior probabilidade de desemprego do que outras, porque a economia é mais dinâmica do que a capacidade de ajustamento das instituições de Ensino Superior".
Em Portugal, a taxa de desemprego ronda agora os 6%, a região do Algarve foi onde mais aumentou, fenómeno que tem a ver com a sazonalidade do turismo. Porque é que subiram tanto os números do desemprego quando temos um país em superávit, com uma saúde económica aparentemente boa?
João Cerejeira lembra que temos um país em superavit no domínio das contas públicas, mas quando "olhamos depois para as atividades ou para os setores de atividade de onde provêm estes novos empregados", vemos que são "em grande número de setores ligados à indústria transformadora, que exporta e está a passar por momentos mais difíceis".
"Tem havido uma contração dos mercados externos para onde Portugal exporta mais, nomeadamente, por exemplo, o mercado alemão, mas também o mercado francês, os países do centro da Europa. A Alemanha está muito próxima da recessão, noutros países está mesmo em recessão, já estão com dois trimestres de queda no PIB. Isso está-se a começar a refletir na economia portuguesa", explica.
O economista sublinha a recente declaração do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que referiu que "a maior preocupação para a economia portuguesa para o próximo ano já não é tanto as taxas de juro que eventualmente até poderão descer, não é tanto a inflação que no caso português já está muito próxima até do objetivo dos 2%. É muito mais com a contração da conjuntura externa".
Reduzidos apoios sociais para quem trabalha
De acordo com o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), o número de casais com ambos os elementos no desemprego aumentou 3,6% em outubro em termos homólogos.
Para João Cerejeira, o problema da pobreza, resultante do aumento do desemprego, agrava-se devido aos reduzidos apoios sociais para quem trabalha.
"Os apoios sociais em Portugal está muito concentrados nas faixas da população mais pobres, sem acesso ao mercado de trabalho que estão fora do mercado de trabalho", refere o economista que sublinha o facto de para quem tem salários muito baixos, os apoios sociais serem reduzidos e, portanto, acabam por não compensar os baixos rendimentos".