Economia

Banco de Portugal revê em baixa crescimento do PIB para 2023 e 2024

O Banco de Portugal está mais pessimista sobre o crescimento da economia portuguesa e revê em ligeira alta a inflação para este ano e o próximo.

ANDRÉ KOSTERS

SIC Notícias

O Banco de Portugal (BdP) está mais pessimista sobre o crescimento da economia portuguesa, prevendo agora uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,1% este ano e 1,5% em 2024, foi esta quarta-feira divulgado. Em relação à inflação, o Banco de Portugal reviu em ligeira alta a previsão para este ano (5,4%) e o próximo (3,6%), sobretudo devido aos preços da energia.

No "Boletim Económico" de outubro, apresentado esta manhã no Museu do Dinheiro, em Lisboa, a instituição liderada por Mário Centeno corta as previsões de crescimento económico face a junho em 0,6 pontos percentuais (pp.) para 2023 e 0,9 pp. para 2024.

A previsão do Banco de Portugal, que se torna a instituição mais pessimista, continua a fixar-se acima da previsão oficial do Ministério das Finanças de 1,8% para este ano, mas que o Governo já sinalizou que poderá ser revista em alta no Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).

A poucos dias da entrega, no parlamento, pelo executivo do próximo Orçamento, o regulador bancário avança, contudo, uma previsão mais pessimista para 2024 do que a inscrita pela tutela (2%) no Programa de Estabilidade.

"Após o dinamismo no início de 2023, a atividade económica terá estagnado no segundo e terceiro trimestres e deverá manter um crescimento fraco até ao final do ano", explica o BdP.

Na conferência de imprensa de apresentação do boletim, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, mostrou-se preocupado com o abrandamento da economia e com as consequências que esta crise vai deixar.

Segundo o regulador, o abrandamento económico reflete um menor dinamismo nos principais parceiros comerciais, os efeitos cumulativos da inflação e a maior restritividade da política monetária, o que levou a um agravamento das condições financeiras na zona euro e em Portugal.

Face a junho, a evolução mais desfavorável é explicada pelo "comportamento das exportações e, em menor grau, do consumo privado e da formação bruta de capital fixo (FBCF), em especial pública".

Já a revisão do crescimento em 2024 resulta, sobretudo, de um desempenho menos favorável da atividade ao longo deste ano e, "em menor grau", da revisão das hipóteses de enquadramento e de um desempenho mais fraco das exportações no início do ano.

O regulador alerta que a transmissão das subidas das taxas de juro de política às condições financeiras enfrentadas pelas famílias e empresas continuará a limitar a atividade em 2024 e 2025.

Contudo, acredita que estes efeitos serão "parcialmente compensados pelo impacto favorável da redução gradual da inflação sobre o poder de compra das famílias, pela aceleração das entradas dos fundos da UE [União Europeia] e pela hipótese de maior dinamismo da procura externa".

Com LUSA

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