João Duque, economista e comentador da SIC, destaca que, apesar do aumento significativo do salário mínimo nos últimos anos, as pessoas com um salário intermédio são as mais penalizadas. Quanto aos pensionistas, considera fundamental repor algum poder de compra a estas pessoas.
Em entrevista na SIC Notícias, refere que o Governo de António Costa se tem preocupado em aumentar significativamente o salário mínimo. No entanto, os salários médios não cresceram, destaca.
"O aumento do salário mínimo teve um efeito: foi engolindo aqueles que estavam um bocadinho acima do salário mínimo. As empresas, não tendo a possibilidade de aumentar os seus trabalhadores, foram passando a salário mínimo aqueles que estavam um bocadinho acima. Muitas empresas não mexeram praticamente nos outros salários", afirma.
O economista reforça que houve um aumento no salário de trabalhadores com "mais competências técnicas" e na "parte mais baixa da escala", ou seja, com ordenado mínimo. No entanto, as pessoas com salários médios são as "mais penalizadas".
Pensões
Quanto aos pensionistas, que deverão estar a "ser prejudicados", o comentador SIC exemplifica:
"Fiz um exercício com um pensionista. Comparei quanto estava a receber de pensão em 2015 e quanto está a receber hoje. Nominalmente, os números até parece que crescem bastante, mas depois vamos fazer a avaliação de quanto foi a variação em termos percentuais e, se compararmos com a inflação, a pensão caiu face à inflação. A inflação foi superior ao aumento nominal".
João Duque considera "fundamental" para repor "algum" poder de compra aos pensionistas uma atualização que tenha em conta a taxa de inflação.
Em abril deste ano, o Executivo apresentou o Programa de Estabilidade 2023-2027, no qual atualizou o cenário macroeconómico e apontou as medidas temporárias de resposta à inflação.
O Governo anunciou que os pensionistas irão ter um aumento intercalar de 3,57% a partir de julho deste ano e será feita a correção da base das pensões em 2024, para aplicação integral da fórmula de atualização prevista na lei.
Só para as medidas das pensões serão necessários 2.600 milhões de euros.