Em Sintra, na abertura do Fórum do Banco Central (BCE), Christine Lagarde disse que os juros vão continuar a subir em julho, de modo a combater a inflação. A presidente do BCE falou num “controlo de preços” que, para José Gomes Ferreira, nada mais é do que “induzir quem pode pagar a não aumentar os salários”.
"Exceto se ocorrer uma alteração substancial das perspetivas de inflação", o banco central continuará “a aumentar as taxas em julho”, afirmou Lagarde. A próxima fase do “controlo dos preços”, por parte do BCE, estará focada “nos salários cujo impacto na inflação é maior devido a baixa produtividade”.
O jornalista da SIC, durante o Jornal da Noite, criticou as declarações da presidente do BCE, uma pessoa que “não é votada, mas que decide o futuro de 400 milhões de pessoas na Europa”.
“Dá quase a ideia que os trabalhadores não são produtivos e que estão a receber mais do que deviam. Este discurso é para induzir quem pode pagar - os Estados, os patrões, os parceiros sociais - a não aumentar tanto os salários. É um discurso de quem não tem sensibilidade social quase nenhuma, de burocrata, mas com uma intenção, que é moderar a inflação às custas dos salários”.
O silêncio de António Costa
José Gomes Ferreira realça que os países que não estão sob assistência financeira, como Portugal, podem levantar a voz perante o Banco Central Europeu, que elaborou um plano que “não atende aos interesses dos países mais frágeis”.
No entanto, o jornalista realça o silêncio de António Costa sobre o assunto. Teme ainda que, se apoios sociais forem retirados ou se os preços - como os dos combustíveis - subirem, vão ser as famílias a sofrer as consequências.
A “suprema lata” do BCE
“Tanto o BCE como a Comissão Europeia querem moderar salários e impedir a recuperação total do poder de compra pois acham que isso é mau para o combate à inflação. Mas foi o Banco Central que criou esse problema ao emitir dinheiro como se não houvesse amanhã para salvar os bancos da crise financeira de 2007 e 2008”, afirmou José Gomes Ferreira, criticando “a suprema lata [do BCE] de falar como se não tivessem nada a ver com o que aconteceu".