Economia

Credit Suisse “era um caso de rentabilidade” e "restruturação não chegou a tempo"

Ricardo Seabra, diretor de investimentos, na SIC Notícias, analisa a venda do Credit Suisse e faz uma comparação entre o que está a acontecer na Europa e nos EUA. O economista defende ainda que o controlo da inflação continua a ser a chave.

SIC Notícias

O banco suíço UBS chegou a acordo para comprar o Credit Suisse após intensas negociações. A transação terá um valor de 3.000 milhões de francos suíços (3,02 mil milhões de euros), que serão pagos em ações UBS.

O economista e diretor de investimentos Ricardo Seabra, em entrevista na SIC Notícias, refere que quando se entra "nestas crises de choques de confiança, especialmente no setor financeiro" é essencial que as "autoridades sejam assertivas, determinadas e atuem de forma célere".

Os fins de semana, explica Ricardo Seabra, "são muito utilizados" para estas situação "porque são momentos em que os mercados estão fechados, portanto há aqui algum tempo para desenhar soluções". Acrescenta que não são soluções "perfeitas", porque "são sempre difíceis e há sempre responsabilidades a serem arcadas".

O sistema europeu é "mais blindado" e é por essa razão que "não estamos a ver o mesmo tipo de crise que vemos nos EUA", que é um problema de risco de taxa de juro.

No caso do Credit Suisse “era um caso de rentabilidade”, esclarece o diretor de investimentos.

"É um banco que está em dificuldades, que se está a tentar reinventar há alguns anos, têm tentado focar-se na parte prioritária de gestão de ativos, de banca privada e vender ativos que não sejam preferenciais para esse negócio."

No entanto, essa "restruturação não chegou a tempo, portanto vamos ver essa mesma restruturação ser feita na entidade combinada UBS - Credit Suisse, que possivelmente se irá tornar na terceira maior gestora de ativos do mundo".

O caso mais parecido com o que tem sido observado "aconteceu no anos 70", diz Ricardo Seabra, ou seja, "o sistema e os agentes da economia já não estavam habituados a estas subidas de taxas de juro tão dramáticas".

Neste momento o controlo da inflação continua a ser a chave. No entanto o foco do Banco Central Europeu pode deixar de estar "tanto no mandato da inflação, mas mais nas características de liquidez para salvaguardar estas questões de estabilidade financeira".

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