A TAP pode ter sido lesada em mais de 400 milhões de euros no negócio da compra de 53 aviões. O Ministério Público abriu um inquérito à compra de aeronaves durante a gestão privada da companhia. A TAP está a pagar, em média, prestações 20% mais que altas que outras companhias pelos mesmos aviões.
Chegou esta segunda-feira a Lisboa o A321 NEO. É um dos 53 aviões encomendados pela gestão privada da TAP a um preço superior ao que é pago pelos concorrentes.
A notícia foi avançada pela SIC em outubro. Na altura, o Governo fez chegar ao Ministério Público dois documentos: primeiro uma auditoria feita pela TAP, que aponta para preços inflacionados na compra dos novos aviões, e depois um documento que mostra a origem do dinheiro que David Neelman usou para entrar no capital da companhia.
O cruzamento da informação entre os dois mostra que há uma ligação entre o negócio dos aviões e a forma como o acionista privado se financiou para comprar a TAP.
Em 2015, o acordo de privatização da TAP deu a David Neeleman e Humberto Pedrosa o controlo de 61% da companhia. Neeleman pagou 10 milhões de euros ao Estado e ficou de injetar mais 226 através da Atlantic Gateway.
É precisamente sobre este dinheiro - pago em duas tranches - que recaem suspeitas de que terá sido conseguido como contrapartida pela renegociação da compra de novos aviões à Airbus.
A encomenda inicial era para 12 aviões A350 feita ainda antes do modelo começar a ser fabricado.
Quando Neeleman entra em cena altera o negócio com uma mais valia, que deveria ser da TAP, mas que foi usada pelo empresário para comprar a própria empresa.
A TAP acabaria por firmar um novo contrato de leasing para a aquisição de 53 novas aeronaves, desta vez A330 e A320. Ficou a pagar cerca de 20% mais que os concorrentes.
Depois do Ministério Público ter confirmado estar a investigar e o Departamento de Investigação e Ação Penal ter aberto um inquérito, o jornal ECO revela que com estes negócios a TAP pode ter sido lesada em mais de 400 milhões de euros. Em outubro, Neeleman negou qualquer irregularidade.
Está agora nas mãos do Departamento de Investigação e Ação Penal perceber o que realmente aconteceu.