A Rússia está a queimar grandes volumes de gás natural para a atmosfera numa altura em que corta parcialmente o abastecimento à União Europeia. A UE acusa Moscovo de usar o gás como uma arma contra as sanções aplicadas pela Europa.
Estima-se que a quantidade de gás queimado é equivalente a cerca de 0,5% das necessidades diárias europeias.
Os especialistas consideram que é um desastre ambiental. Queimar gás é habitual durante a sua produção, mas não nestas quantidades, consideradas elevadas.
“É difícil quantificar de forma exata, mas acreditamos que estão a queimar cerca de 4,3 milhões cúbicos por dia”, explicaram especialistas citados pela Reuters.
Recorde-se que as entregas de gás russo à Europa através do Nord Stream 1 vão ser interrompidas entre 31 de agosto e 2 de setembro, devido à manutenção do gasoduto.
Desde que os países ocidentais impuseram sanções a Moscovo na sequência do lançamento da ofensiva russa na Ucrânia, a Rússia tem feito várias reduções no fornecimento de gás à Europa.
Até ao ano passado, a Rússia estava na origem de 40% das importações de gás da União Europeia.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez declarações na quinta-feira vangloriando-se pelo aumento das receitas do petróleo e gás no orçamento do seu governo, apesar das sanções ocidentais decretadas devido à invasão da Ucrânia, lançada há seis meses.
Os preços da energia na Europa subiram de tal forma desde o inicio da intervenção militar, que Moscovo ganha agora mais 89% do que há um ano para exportar hidrocarbonetos para a UE, apesar de vender um menor volume - menos 15% - de combustíveis.
Isto mesmo depois de Putin ter cortado o gás, total ou parcialmente, a doze Estados-membros e ter reduzido para 20% da sua capacidade o fluxo de combustível através do gasoduto Nord Stream para a Alemanha, alegando "razões técnicas".
O bloco da UE gasta atualmente cerca de 13.916 milhões de euros por mês para comprar carvão, petróleo e gás a Moscovo, em comparação com a média mensal de 7.330 milhões que pagava há um ano, quando os preços já começavam a disparar devido ao aumento da procura mundial com a recuperação económica após a pandemia.
O embargo parcial ao petróleo russo - com algumas exceções - na União Europeia (UE) não entrou ainda em vigor, o que afetará 90% do petróleo bruto que chega da Rússia a partir de janeiro de 2023.