António Guterres considera "imoral" que as empresas de gás e de petróleo registem lucros recorde "com a atual crise de energia à custa dos mais pobres".
No Twitter, o secretário-geral das Nações Unidas pediu esta quarta-feira a todos os Governos que tributem os lucros excessivos das grandes empresas e que usem os valores tributados para apoiar as pessoas mais vulneráveis.
Na curta declaração, recordou ainda o impacto que estas empresas têm para o ambiente.
"É imoral que as empresas de petróleo e gás obtenham lucros recordes com a atual crise à custa dos mais pobres, com um custo enorme para o clima. Peço a todos os Governos que tributem esses lucros excessivos e usem os fundos para apoiar as pessoas mais vulneráveis", escreveu.
Na terça-feira, a BP anunciou um lucro ajustado de 8,5 mil milhões de dólares, mais do triplo do encaixado em 2021 (2,8 mil milhões de euros), conseguindo o melhor resultado trimestral em 14 anos.
Na semana passada, a Galp também comunicou uma subida de 153% dos lucros no primeiro semestre face a igual período de 2021, para 420 milhões de euros (22.877 milhões de euros). A empresa atribuiu os ganhos ao "desemprenho operacional robusto".
A par do que tem acontecido um pouco por todo mundo, a petrolífera Exxon Mobil, a maior dos Estados Unidos, obteve lucros no primeiro semestre de 23.330 milhões de dólares (22.877 milhões de euros), mais do triplo do que no mesmo período de 2021 e um novo recorde.
Também a britânica Shell e a francesa TotalEnergies aumentaram os ganhos no segundo trimestre do ano aproveitando os preços do petróleo e do gás no quadro da invasão russa da Ucrânia. Os lucros do grupo Shell multiplicaram-se por cinco atingindo os 18 mil milhões de dólares (cerca de 17.700 milhões de euros).
A TotalEnergies triplicou os ganhos no primeiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado, auferindo 18.733 milhões de dólares, mais do que o valor máximo atingido em 2021 (16.032 milhões de dólares).
Esta quarta-feira, foi a vez da Equinor, companhia norueguesa de energia, anunciar que alcançou um lucro (líquido) no segundo trimestre de cerca de 6,8 mil milhões de dólares, contra 1,9 mil milhões de dólares no mesmo período de 2021.
Em França, os ganhos das petrolíferas estiveram no centro de um debate político sobre a conveniência de tributar as empresas. Em Portugal, o Bloco de Esquerda, PCP e PAN desafiaram o Governo a criar uma taxa sobre os lucros extraordinários das grandes empresas.
O Presidente da República também reagiu aos lucros registados pelas grandes empresas de petróleo e gás. Marcelo Rebelo de Sousa pediu às empresas com lucros extraordinários medidas de maior responsabilidade social, sacrificando a distribuição de dividendos.