Num artigo de opinião publicado em vários jornais europeus, incluindo o português Jornal de Negócios, Constâncio indica que o BCE deu orientações precisas às entidades que supervisiona diretamente.
"Mas a atividade de supervisão não é suficiente por si só. O setor privado e as autoridades nacionais e europeias também têm um papel a desempenhar", segundo o vice-presidente do BCE.
Constâncio sublinha que é "necessária uma resposta de política" europeia e nacional que combine instrumentos adequados para abordar os empréstimos duvidosos na Europa.
"Os procedimentos judiciais para reclamar uma simples dívida podem prolongar-se em excesso e ter custos demasiado elevados em muitos países da zona euro", critica Constâncio.
Constâncio mostra-se otimista face às "sociedades nacionais de gestão de ativos" porque, quando desenhadas corretamente, aliviaram a carga do crédito malparado e recuperaram o valor dos ativos.
Dispor de um guia para constituir sociedade nacionais de gestão de ativos pouparia tempo e dinheiro às autoridades, sublinha o vice-presidente do BCE.
Este plano deveria clarificar em pormenor o papel destas sociedades no marco jurídico da União Europeia (UE), identificar as classes de ativos admissíveis, os requisitos de participação, a avaliação dos ativos, as estruturas de capital e financiamento, e a governança.
Constâncio adianta que os programas de titularização também podem ativar o mercado secundário de crédito malparado, se bem que as autoridades públicas deveriam intervir e transmitir claramente a determinação dos governos de adotar reformas estruturais que melhorem a valorização dos ativos.
O responsável do BCE também põe a possibilidade de se criarem plataformas de negociação ou câmaras de compensação de ativos duvidosos, incluindo, a nível da zona euro, para melhorar a transparência destes ativos e estimular a negociação.
Para que sejam um êxito, estas opções requerem que se avance consideravelmente nas reformas estruturais dos procedimentos de execução de dívidas e a redução da assimetria de informação.
"Se estas medidas resultarem credíveis, os investidores reconhecerão a mudança na política e mostrar-se-ão dispostos a pagar mais pelos ativos problemáticos, segundo Constâncio.
Lusa