Nos 267,7 milhões de euros, incluem-se 42,8 milhões recebidos pelos anfitriões que disponibilizaram casas ou quartos no ano passado, bem como 224,9 milhões gastos pelos hóspedes no comércio local - em restaurantes (37%), compras (21%), entretenimento (15%), transportes (13%), supermercado (12%), entre outras despesas.
As conclusões inserem-se num estudo sobre o impacto económico e social da plataforma em Lisboa, resultante de um inquérito feito a utilizadores da Airbnb que abrangeu entre mil a quatro mil hóspedes e anfitriões.
Segundo o documento, que foi apresentado num encontro com jornalistas em Lisboa, no ano passado chegaram 433 mil hóspedes à cidade, número que mais do que duplicou face a 2014 (213 mil).
A estadia foi, em média, de 4,1 noites. Na hotelaria, a média ronda as duas noites.
Quanto à origem, vieram essencialmente da Europa (81%), de países como França e Alemanha.
Em 91% dos casos, as deslocações foram feitas em contexto de lazer, sendo que em 3% dos casos se relacionaram com o trabalho (como conferências ou negócios).
"Vemos um crescimento significativo da atividade e vemos, também, como é que este crescimento está a ajudar as famílias e a classe média a beneficiar diretamente do turismo e a desenvolver uma nova maneira de receber os visitantes, mais ligada ao caráter tradicional da cidade", disse à agência Lusa o responsável pelas políticas públicas da empresa em Portugal e Espanha, Àngel Mesado.
O estudo revela que 4.550 anfitriões tiveram hóspedes no ano passado, ganhando, em média, um rendimento mensal de 530 euros.
Em 73% dos casos, toda a casa foi arrendada ou estava apta para tal, enquanto em 26% apenas se alugou um quarto privado. No restante 1%, o espaço foi partilhado.
Quanto ao perfil do anfitrião, tem uma idade média de 39 anos e vive há cerca de 25 anos em Lisboa.
São essencialmente as mulheres (51%) que arrendam as suas casas ou quartos.
Em 43% dos casos, os ganhos gerados através da Airbnb são usados para pagar as contas.
"Há pessoas que estão a conseguir sobreviver e a manter as suas casas graças a este rendimento extra", apontou, por seu turno, o representante da empresa em Portugal, Ricardo Macieira.
A título de exemplo, o responsável falou de "anfitriões que ficaram sem o parceiro de quarto da casa e cuja única solução foi pôr um anúncio na Airbnb" para fazer face às despesas.
Quanto à localização, Ricardo Macieira assinalou que 70% das casas e quartos arrendados no ano passado ficavam fora dos bairros do centro histórico, em zonas como Alvalade e Beato.
"E é aí que nos queremos focar", vincou.
Relativamente a uma possível sobrelotação do mercado, Ricardo Macieira assegurou que a situação "é sustentável", tendo em conta "o contexto da cidade".
No que toca à taxa turística de Lisboa, que começou a ser cobrada pela Airbnb em maio, os responsáveis escusaram-se a revelar qual o valor já cobrado e qual a estimativa para este ano, mas mostraram-se satisfeitos "com os primeiros passos do sistema".
Lusa