Economia

Nacionalização do BPN já custou ao Estado mais de 2.200 milhões

Os custos com a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) ascenderam a 2.202,5 milhões de euros no final de 2013, de acordo com o Tribunal de Contas.

© Jose Manuel Ribeiro / Reuters

Na análise à execução orçamental da administração central de 2013, é  referido que nesse ano o saldo das receitas e despesas relativas ao BPN  foi negativo em 472,9 milhões de euros, com os 141 milhões de euros de receitas  a serem insuficientes para compensar os 613,9 milhões de euros de despesas. 

Já o saldo acumulado da nacionalização e reprivatização do BPN e da  constituição das sociedades-veículo que ficaram com os ativos tóxicos daquele  banco é negativo em 2.202,5 milhões de euros, estima a entidade liderada  por Guilherme d'Oliveira Martins no documento de mais de 100 páginas.  
  
Ainda em 2013, refere o Tribunal de Contas, a Parups e a Parvalorem  tinham orçamentado 3.685,3 milhões de euros para reembolsar empréstimos  da Caixa Geral de Depósitos, só tendo sido de facto reembolsados 397,1 milhões  de euros.  
Do mesmo modo, diz o TdC, "para as duas sociedades foi orçamentado 3.739,8  milhões de euros de empréstimos do Estado e concedidos 510,5 milhões de  euros".  

As contas da nacionalização do BPN, em novembro de 2008, ainda estão  longe de estar feitas e são vários os números que foram surgindo.  
Os custos estimados pelo Tribunal de Contas, hoje conhecidos, ficam  baixo dos apontados pela segunda comissão parlamentar de inquérito ao BPN,  que terminou no final de 2012 e contabilizou custos de 3.405 mil milhões  de euros até ao final desse ano.  
  
A diferença de números é justificada pelo facto de o Tribunal de Contas  apenas analisar entradas e saídas efetivas de dinheiro (contabilidade pública)  e não as imparidades dos ativos do BPN que ficaram nas sociedades-veículo  criadas pelo Estado (Parvalorem, Parups e Parparticipadas), como créditos  que não se conseguem recuperar (registados em contabilidade nacional, a  que conta para o défice apurado por Bruxelas).  
  
O BPN foi vendido em março de 2012 ao Banco BIC, por 40 milhões de euros,  e entretanto o Estado tem vindo a vender outras unidades e ativos do grupo,  cujas receitas são subtraídas aos custos da nacionalização suportados pelos  contribuintes.  
  
A seguradora Real Vida e o BPN Gestão de Ativos foram vendidos em 2013  pela Parparticipadas à empresa Patris Investimentos por 27 milhões de euros  e 3,2 milhões de euros, respetivamente. Já o BIC Angola ficou com o BPN  Ifi (Cabo Verde) por 30 milhões de euros e com o BPN Brasil por 12,3 milhões  de euros e decorrem negociações com investidores para a venda do BPN Crédito  e do banco Efisa.  
  
De acordo com o relatório do Orçamento do Estado para 2014, até agosto,  a Parvalorem recuperou 298 milhões de euros em créditos, que se somam aos  212 milhões de euros recuperados em 2012. Já a Parups "alienou 13,9 milhões  de euros de ativos imobiliários e financeiros" entre janeiro e julho de  2013.   
  
Ao mesmo tempo que tenta realizar alguma receita com os ativos 'herdados'  do BPN, o Estado continua a assumir custos, como é o caso das amortizações  de empréstimos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos ao BPN e dos custos  com litígios e compromissos assumidos pelo BPN.   
  
      Lusa

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