Economia

Cortes na despesa não tiveram efeito anunciado pelo Governo

O relatório do Conselho de Finanças Públicas publicado hoje é arrasador para o Governo. A equipa de Teodora Cardoso considera que as medidas do lado da despesa de 2013 "não produziram todos os efeitos enunciados pelo Ministério das Finanças", concluindo que o ajustamento se deveu sobretudo ao aumento da receita fiscal. 

Não fosse esta redução acentuada e, no geral, os encargos até teriam subido, já que os custos das PPP ferroviárias da Segurança e da Saúde aumentaram.
Francisco Seco

O Conselho de Finanças Públicas (CFP) escreve, na sua análise à conta das administrações públicas do  ano passado, que os desenvolvimentos orçamentais de 2013 evidenciaram "o  elevado contributo da receita para a redução do défice público", mas que  "a despesa não contribuiu para a correção do desequilíbrio orçamental".

A despesa total aumentou em 2.946 milhões de euros em 2013, o equivalente  a 1,6 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB), "invertendo a tendência  observada nos dois anos anteriores, mas mantendo-se a níveis abaixo de 2010",  escreve o CFP. 

Para esta evolução da despesa contribuiu o aumento de 1,9 pontos do  PIB da despesa corrente primária, uma vez que as despesas de capital caíram  0,2 pontos percentuais do PIB e que a despesa com juros recuou 0,1 pontos  percentuais do PIB. 

De acordo com a instituição liderada por Teodora Cardoso, "a execução  de 2013 sugere que as medidas de consolidação orçamental do lado da despesa  não compensaram integralmente o efeito da reposição dos subsídios", apesar  de ter sido anunciada a intenção de encontrar medidas de redução da despesa  "em montante próximo do impacto da reposição dos subsídios aos trabalhadores  do setor público e pensionistas". 

No entanto, o CFP conclui que, descontando o efeito do aumento da despesa  em rubricas como o apoio ao desemprego, o aumento do número de pensionistas  e a variação dos encargos brutos com Parcerias Público-Privadas (PPP), "a  concretização dessa intenção não transparece da evolução verificada na despesa".

O CFP salvaguarda, porém, que não é possível fazer uma "monitorização  adequada" da despesa, devido à "incompleta especificação das medidas enunciadas".

Do lado da receita, o CFP afirma que o ajustamento orçamental das administrações  públicas se deveu sobretudo ao "comportamento favorável da receita fiscal,  impulsionado pela receita de impostos diretos". 

Em 2013, o Estado arrecadou 41.045 milhões de euros em impostos, mais  3.419 milhões do que em 2012, um aumento de 9,1% face ao período homólogo.

A receita fiscal atingiu nesse ano os 24,8% do PIB, situando-se em "níveis  superiores aos de 2010", antes do início do programa de resgate, o que reflete  "o impacto orçamental de um conjunto alargado de medidas de política fiscal".

Lusa

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