Economia

Metade da riqueza mundial pertence a 1% da população

Cerca de metade da riqueza mundial é atualmente detida por um por cento da população, denunciou hoje a Organização Não Governamental (ONG) Oxfam. A ONG adianta que as desigualdades económicas aumentaram rapidamente na maioria dos países desde o início da crise.

O empresário mexicano de origem libanesa Carlos Slim ocupa o primeiro lugar da tabela dos homens mais ricos do mundo. A sua fortuna está estimada em 73 biliões de dólares (Reuters)
© Valentin Flauraud / Reuters

No relatório "Governar para as elites: sequestro democrático e desigualdade económica", a Oxfam concluiu que a concentração de 46 por cento da riqueza em mãos  de uma minoria supõe um nível de desigualdade "sem precedentes" que ameaça  "perpetuar as diferenças entre ricos e pobres até as tornar irreversíveis".

A Oxfam refere ainda que os cerca de um por cento dos mais ricos aumentaram os rendimentos em 24 dos 26 países para os quais os dados estão disponíveis entre 1980 e 2012. Sete em cada dez pessoas vivem em países onde a desigualdade económica aumentou nos últimos 30 anos.  

Assim, os cerca de um por cento dos mais ricos na China, em Portugal e nos Estados  Unidos mais do que duplicaram os rendimentos nacionais desde 1980. Mesmo  nos países com a reputação de serem mais igualitários como a Suécia e a  Noruega, a riqueza dos um por cento  mais ricos aumentou 50 por cento no período em referência.

O relatório da Oxfam sublinha que a metade mais pobre da população mundial  possui a mesma riqueza que as 85 pessoas mais ricas do mundo.  

A ONG calcula ainda que há 18,5 biliões de dólares, 13,6 biliões de  euros, não registados e em países terceiros de baixa tributação, pelo que  na realidade a concentração de riqueza é muito maior.  

Segundo os dados da Oxfam, 210 pessoas juntaram-se em 2013 ao clube  dos multimilionários cuja fortuna é superior aos mil milhões de dólares,  formado por um conjunto de 1.426 pessoas que concentram uma riqueza 5,4  biliões de dólares, quase quatro biliões de euros.  

Para a Oxfam, este aumento das desigualdades deve-se em grande parte à desregulamentação financeira, aos sistemas fiscais e às regras que facilitam a evasão fiscal.  

A organização também denuncia as medidas de austeridade, as políticas desfavoráveis para as mulheres e a confiscação das receitas provenientes do petróleo e da extração de minérios.  

Por outro lado, a ONG associa as desigualdades económicas extremas e a confiscação do poder político por uma elite rica, que governa para servir  os seus próprios interesses.  

"Sem uma verdadeira ação para reduzir estas desigualdades, os privilégios e as desvantagens vão-se transmitir de geração em geração, como no antigo  Regime. Viveremos então num mundo onde a igualdade de oportunidades será  apenas uma miragem", conclui a Oxfam. 

Aos participantes de Davos, a Oxfam apela para um seja acordado um compromisso para não se utilizarem paraísos fiscais, não trocar dinheiro por favores políticos e exigir aos governos para que garantam a saúde, a educação e  a proteção social dos cidadãos com a arrecadação de receitas fiscais.  

O relatório da Oxfam surge na semana em que se realiza o Fórum Económico Mundial (WEF) de Davos na Suíça, uma reunião durante a qual se analisarão  os problemas emergentes do mundo e onde se tentarão encontrar soluções para  as crescentes situações de desigualdade.  

LUSA

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