Economia

Centenas de marcas internacionais e portuguesas de vinho disputam mercado chinês

Centenas de marcas de vinho, da Argentina à Austrália, disputam a crescente apetência por novos sabores da emergente classe média chinesa, mas o diretor-geral da Quinta da Alorna, Pedro Lufinha, não se mostra preocupado com a concorrência.

"Os chineses estão agora a começar a beber vinho e isso, para nós, é  uma grande oportunidade", disse Pedro Lufinha à agência Lusa em Pequim,  onde aquele produtor português e o seu distribuidor chinês, Wang Jingli,  reuniram na semana passada dezenas de profissionais do setor. 

Muitos outros produtores portugueses têm agentes na China e três deles  (Enoport, Sogrape e Enoforum Carmim) abriram já um escritório em Xangai,  a mais cosmopolita chinesa e sede de um município com cerca de 23 milhões  de habitantes. 

Os números parecem dar razão ao otimismo de Pedro Lufinha. 

Nos últimos quatro anos - indicam os dados da Administração-geral das  alfândegas chinesas -, as exportações de vinhos portugueses para a China  quase triplicaram e, só no primeiro semestre de 2013, somaram 8,494 milhões  de euros. 

Pelas contas da ViniPortugal, que não incluem os vinhos do Porto e  Madeira, a China é já o quinto maior mercado português fora da Europa, depois  de Angola, Estados Unidos, Brasil e Canadá, enquanto há quatro anos não  figurava sequer entre os trinta primeiros. 

Na 17. edição da "Food and Hospitaly China" (FHC China), realizada  em Xangai em novembro passado, Portugal esteve representado por um número  recorde de quase 70 empresas vinícolas e alimentares. 

Segundo estimativas ocidentais, as vendas de vinho na China, sobretudo  tintos, mais do que duplicaram nos últimos cinco anos, para 141.520 milhões  de yuan (17.100 milhões de euros) e deverão continuar a crescer a um ritmo  idêntico até 2016. 

A China, entretanto, também está a apostar na produção e de acordo  com algumas projeções, dentro de cinco anos poderá mesmo tornar-se o maior  produtor mundial, ultrapassando a Itália, Espanha e França. 

Em 2012, a extensão das vinhas chinesas cresceu 90% em relação ao ano  anterior, para 570.000 hectares, aproximando-se da França (800.000 hectares)  e da Espanha (um milhão de hectares), indica um estudo divulgado a semana  passada em França. 

Neste, como noutros setores, o investimento da China não se confina  às suas fronteiras: nos últimos anos, empresas chinesas compraram várias  vinhas francesas, entre as quais as do Chataeu Lafitte Chenu, em Bordéus.

O consumo per capita, no entanto, continua muito baixo: em média, os  chineses bebem quarenta vezes menos vinho do que os portugueses. 

O aumento do consumo do vinho na China está também associado à emergência  de uma classe média cada vez mais cosmopolita e à acelerada urbanização  do país. 

Em 2011, a percentagem da população urbana ultrapassou os 50% e deverá  chegar aos 70% em 2030, o que significa que cerca de trezentos milhões de  chineses irão radicar-se nas cidades durante as próximas duas décadas.

Lusa

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