Economia

Autarca de Viana quer saber quais os contratos para mil empregos nos estaleiros

O autarca de Viana do Castelo questionou hoje o ministro da Defesa sobre se a empresa Martifer já tem contratos para executar nos atuais estaleiros navais, face ao anúncio de criação de mil postos de trabalho.

"Sabemos que estamos no período de Natal, mas no Pai Natal já ninguém  acredita. Por isso, que garantias tem o senhor ministro sobre a empresa  a quem o Governo vai entregar os estaleiros?", questionou, em declarações  à Lusa, o socialista José Maria Costa. 

A reação do presidente da Câmara surge após o anúncio da administração  da Martifer, grupo que em janeiro assume a subconcessão dos Estaleiros Navais  de Viana do Castelo (ENVC), de ali criar mil postos de trabalho nos próximos  anos. 

"Para isso têm que ter encomendas e por isso questiono o senhor ministro  da Defesa sobre as garantias que tem. É que se já tinham  [Martifer] dificuldades  em recrutar 400, como é que vão agora meter mil", apontou o socialista.

Recordando que em cima da mesa está o despedimento dos atuais 609 trabalhadores  dos ENVC e o encerramento da empresa, o autarca exige ainda saber do Ministério  da Defesa - que promoveu este concurso da subconcessão - quais as "garantias"  de "estabilidade financeira" apresentadas pelo grupo Martifer para assegurar  o investimento na modernização dos atuais estaleiros. 

Além disso, José Maria Costa questiona o ministério de José Pedro Aguiar-Branco  sobre se a empresa Martifer tem "currículo reconhecido" na área da construção  naval e, nomeadamente, relativamente à existência de qualquer "encomenda  firme com algum armador", que garanta a continuidade da atividade em Viana  do Castelo. 

O presidente do conselho de administração da Martifer, Carlos Martins,  manifestou hoje a convicção de que a subconcessão que o grupo vai assumir  dos atuais estaleiros de Viana permitirá fazer "reviver" aquela atividade  no concelho. 

"A indústria de construção e reparação naval vai continuar em Viana  do Castelo", disse o administrador, em entrevista à agência Lusa. Já em  declarações ao jornal Diário Económico, publicadas hoje, Carlos Martins  estimou que com os novos contratos podem criar "mais de mil postos de trabalho  num prazo de cinco anos" nos estaleiros de Viana. 

O grupo Martifer anunciou que vai assumir em janeiro a subconcessão  dos terrenos, infraestruturas e equipamentos dos ENVC, pagando ao Estado uma renda anual de 415 mil euros, até 2031, conforme concurso público internacional  que venceu. 

A nova empresa West Sea deverá recrutar 400 dos atuais 609 trabalhadores,  que estão a ser convidados a aderir a um plano de rescisões amigáveis que  vai custar 30,1 milhões de euros, suportado com recursos públicos. 

Esta foi a solução definida pelo Governo português para evitar a devolução  de 181 milhões de euros de ajudas públicas não declaradas à Comissão Europeia,  no âmbito de uma investigação lançada por Bruxelas. 

Ao longo de 69 anos de atividade, os ENVC já construíram mais de 220  navios, mas apresentam hoje um passivo superior a 300 milhões de euros.

Lusa

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